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Sunday, January 28, 2024

Até postei no Face... pt4

 


Agora que tenho um trabalho, posso falar mais tranquilamente sobre algumas coisas importantes.

Porque eu sou muito antigo para a maioria das coisas. E como todo bom rapaz à moda (muito) antiga, daqueles que abrem porta e puxam cadeira para as mulheres e meninas em geral (porque é o certo a fazer), eu só falo daquilo que implemento na minha vida.

Se eu falo sobre algo, é porque sei exatamente do que falo, caso contrário eu esperaria até ter condições de comentar.

Essa foto é muito importante para mim.

Como eu disse, comecei no trabalho "regular" aos 44 anos de idade. Praticamente um ancião dentro do critério de desempate para idosos.

Essa foto é de bem antes, quando eu ainda não considerava o meu emprego atual.

Esses dias estava no meu trabalho passando o tempo no refeitório. Ficamos sem internet na Cidade Administrativa e como todos trabalhamos com sistemas integrados por TCP-IP (vulgo "internet")... ficamos lá batendo papo até a internet voltar.

E um dos assuntos recorrentes, que depois retornou durante o almoço foi o debate entre "educação pública" e "educação privada". Uma parte significativa do pessoal do IMA de BH é oriundo de escola pública.

E muitos destes trazem o típico rancor associado a ter sido aluno da rede pública, que encontramos com alguma facilidade Brasil afora. 

É o tal do "eu não sou filhinho de papai que só fica por conta de estudar... eu trabalhei e estudei". Eu fico calado, porque sou o inimigo.

Por essa e outras eu sou tão fã de submarinos e seus comandantes. O submarino está ali todo dentro do campo do inimigo e ele nem faz ideia. É como eu sou.

Sou o inimigo. É sempre assim.

Mas da mesma forma que se o submarino der algum sinal de que está ali será seu fim, se eu der algum indicativo de que quando falam sobre "filhinhos de papai mimados que nunca trabalharam" estão se referindo a mim, as coisas podem ficar bem ruins.

Eu ouço e fico pensando no que meu pai (uma pessoa muito rancorosa) me dizia: "Meu filho, tudo que temos é o estudo; é o nosso maior tesouro".

Realmente, eu lembro que nem leite condensado ou creme de leite meu pai comprava - dizia que era muito caro (lá nos anos 1980), mas nos matriculou em escolas caras, pagou faculdade sem nunca reclamar.

Ele, de fato, fez do estudo seu guia e acaba que eu caí na mesma trilha, acredito que de forma ainda mais radical. A bem dizer fiz 3 graduações diferentes, um mestrado e agora doutorado. Quando era criança, ficava junto do meu pai enquanto ele corrigia provas de seus alunos da UFMG e ele me deixava ajudar na correção; Ele falava a resposta certa e eu ficava procurando quem havia acertado.

Engraçado que sempre fui mau aluno. Péssimo, na verdade, um caso quase perdido.

Mas com o tempo e talvez por estar sempre lendo, estudando e aprendendo alguma coisa, consegui me concentrar melhor e durante o curso de psicologia, o mestrado, o curso de música e agora doutorado em música eu tenho obtido notas bem altas. Ou seja, eu também enraizei nos estudos, mesmo não entendendo que era isso que estava fazendo.

Isso nos leva à linda foto do nosso filhinho num passeio que fizemos em Aracaju muitos anos atrás.

Educação e cultura são as coisas mais importantes, eu acho.

Educação no sentido formal, de escolarização; e cultura num sentido abrangente, desde frequentar eventos culturais como museus, espetáculos de teatro, música, cinema, parques.. mas também viagens e passeios a lugares diferentes, interagir com pessoas diferentes, comidas diferentes...

Eu não tenho dúvidas sobre o quão fracassado sou. Mas felizmente nunca agi por rancor.

O rancor obstrui o pensamento do sujeito de uma forma similar ao ódio. A pessoa fica imersa nesse tipo de autosatisfação psico-sexual ao se vitimizar e ficar remoendo as vicissitudes da sua trajetória.
Não quero, nem por hipótese, que meus filhos sejam esse tipo de gente. E isso se previne com educação e cultura.

Com educação e cultura, a cabecinha deles vai ficar cheia de ideias, sonhos, teses, hipóteses, conceitos e não com rancor e lamentação.

Acho que é o mínimo que posso fazer por tais nobres e formidáveis criaturas que nos escolheram  como seus pais. Evidentemente vai além de pagar uma boa escola, escolhida a dedo e se dedicar a um monte de atividades culturais com os pequenos.

Não sei se serão pessoas felizes ou realizadas, mas estou trabalhando bastante para que não sejam gente rancorosa que fica se vitimizando.



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