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Sunday, March 17, 2024

Pensando na vida, pensando na morte

Ultimamente tenho pensado muito na minha morte.

Eu me sinto morto desde que deixei a música como algo a ser vivenciado secundariamente. Ao entrar no lugar onde trabalho, sinto como se estivesse nas colônias astrais que os espíritas tanto falam, em que os mortos se reunem para se aprimorar para futuras encarnações, sendo obrigados a não olhar mais para trás - estão mortos, né?

Ao meu redor, um monte de histórias como a minha: gente que fracassou e acabou se rendendo ao concurso público. Mortos, por assim dizer.

Outro dia uma pessoa amiga me perguntou sobre suicídio, qual a visão da Eubiose, por qual motivo não pode ser feito ritual de encaminhamento de suicida etc. Como um quase suicida fiquei um tempo pensando a respeito e acho que agora consigo elaborar uma resposta.

Eu aconselho a olharem as coisas a partir do viés da vítima e não de alguma norma que não se sabe exatamente o motivo e para a qual se convencionam respostas a partir do senso comum.

30 anos atrás, em 1994, eu estive a poucos minutos da morte. Uma voz misteriosa falou comigo fisicamente, mas não vi o emissor. Disse assim "se eu fosse você, não faria isso".

Eu perguntei por que não e a voz respondeu "vamos combinar o seguinte: se amanhã, neste horário, você ainda estiver pensando nisso, não vou ter impedir, caso contrário, você vai deixar essa ideia de lado e nunca mais voltará nela. Um dia a mais não fará nenhuma diferença para você".

Eu ri e disse "exato. Um dia não fará diferença. Amanhã eu voltarei e continuarei o procedimento". Eu guardei os venenos que iria tomar e fui dormir.

Escrever isso depois de tanto tempo sem ser através de psicografia mostra que a voz misteriosa me venceu. Eu esqueci de suicidar no dia seguinte e só lembrei disso meses mais tarde. Combinado é combinado... Cá estou.

O que eu queria com isso?

Por que escolhi essa saída?

Não é por dor, sofrimento ou desespero. Nada disso.

A vida toda ouvi dizer que quando a pessoa morre passa um filme da vida dela diante dos seus olhos. Eu queria ver o filme da minha vida e ter por alguns momentos aquela sensação ótima uma última vez.

Queria rever os momentos felizes no parque das Mangabeiras, nos almoços de domingo, nas festas e horas felizes; queria rever minha mãe e sentir que tinha uma família novamente. Queria ouvir e sentir as coisas bonitas que vivi apenas mais uma vez.

Ao mesmo tempo, não queria mais ser um peso nas costas do meu pai e do meu irmão, já que eu era repreendido e corrigido o tempo todo. Tudo que eu fazia era errado, como se a minha mãe me protegesse e sem ela, sentissem livres para me mostrar a verdade: eu mais atrapalhava que ajudava. O mundo ganharia muito com a minha partida.

Sempre fui motivo de piada e descrédito. Meus pais diziam "ele é estranho"... Mas me incomodava fazer os outros sofrerem, muito mais que qualquer sofrimento que por ventura eu tenha sofrido.

Imaginava que com o tempo iriam me culpar por tudo. Diriam que eu sempre fui esquisito, que não superei a perda da mãe etc. Dirão que não era uma pessoa boa etc e seguiriam a vida. Ou seja, parceria um bom plano, mas não era.

Hoje entendo que "passou o filme da minha vida" não se trata literalmente de uma projeção de cinema, mas com 14 para 15 anos e o imenso atraso no desenvolvimento e problemas cognitivos, de atitude e emocionais que eu tenho, achava que seria literal. Eu faço questão de ser uma pessoa muito pura.

Essa é a chave do suicídio. É a promessa falsa que faz qualquer absurdo parecer um ótimo negócio.

Certa vez conversei com uma menina que tentou suicídio um pouco mais que eu. Ela disse que começou a sentir que estava morrendo, saindo do corpo dela e entrou em desespero.

Já conversei e tive amigas e amigos que estiveram bem perto da morte. Creio que uma dessas queridas amigas, inclusive, tenha dado o passo em falso do suicídio.

Não sei se todos queriam ver o filme da própria vida, mas certamente foram seduzidos pela ideia de que do outro lado as coisas seriam melhores. É a ideia que a morte não é nada se comparada à vida que se leva.

A verdade, a morte passa a ser como uma passagem de avião, que pode até ter turbulência, mas vai ter deixar num lugar muito bom ainda hoje. Pura ilusão.

Via de regra, suicidas são pessoas muito sensíveis e vulneráveis, psicologicamente.  São pessoas em que as pessoas no entorno falham repetidamente em acolher, cuidar, proteger, orientar. São pessoas que se sentem sozinhas o tempo todo e mais que isso, sozinhas em território inimigo sem ter nem um revólver fajuto pra se defender.

A sensação de que não se tem valor, de que o mundo seria melhor sem a gente, que somos um peso nas costas dos outros é constante e confirmada a cada pequena ação das pessoas próximas.

Pessoas em geral se suicidam para se livrar das pessoas ao seu redor. É a saída equivocada, que a depressão faz parecer certa.

A depressão é uma doença muito complicada. Ela se estabelece devagar e vai aos poucos mudando a forma como sentimos e pensamos. Logo, o doente só entende que está doente quando as coisas estão péssimas.

E as pessoas próximas só entendem ao identificar o corpo no IML.

Vivemos num mundo governado por grosseiros, animais que deveriam viver num zoológico para deleite dos macacos. E cada dia piora.

As redes sociais têm tornado as pessoas ainda mais brutas, narcisistas, individualistas e cruéis, tornando a vida das pessoas sensíveis ainda pior.

Falta gente para conversar, para passear, para discutir, para amar... O sentimento de solidão maquiado por filtros do Instagram se tornou a regra geral e as pessoas comuns, pelo costume de seguir o rebanho, tornam tudo ainda mais difícil.

Sem ter com quem falar, sem ser ouvido, sem ser respeitado, sendo corrigido o tempo todo por gente que não tem condição de corrigir ninguém, lidando com a maldade e truculência que fazem as pessoas tão orgulhosas, a depressão se instala e segue seu curso.

Eu mesmo de tempos em tempos fico deprimido. Quando fico muito tempo calado, ou sendo calado. Quando não tenho com quem compartilhar boas ideias e sentindo que meus sonhos e ideias são idiotices.

Isso faz a gente ver um monte de vídeos de pessoas morrendo e pensar "não deve ser tão ruim assim"... É o sentimento mais estranho que existe.

Isso faz a nossa noção de distância mudar e a toda hora nos pegamos dirigindo de forma irresponsável, fazendo coisas idiotas que podem, em última análise, nos matar. É estranho.

Mas Ari... e as pessoas que abrem mão de seus dons, talentos e sonhos? Não seria um tipo de suicídio?

Não.

Ocorre que esses dons e talentos serão perdidos e numa próxima encarnação farão muita falta, ocasionando um enorme e irrecuperável sofrimento. É o tal do azar...

Por que suicidas não podem ser encaminhados?

Porque os processos de nascimento e morte seguem padrões naturais. Mesmo quando a pessoa fuma, desenvolve câncer e morre, foi uma morte natural, ocasionada pelas escolhas do fumante.

Quando um acidente acontece, o embrião daquela tragédia já havia sido gestado, naturalmente, pelo acidentado. Nós é que não nos damos conta do que estamos buscando...

O suicídio rompe essa cadeia de naturalidade, pois se não houvesse o ato suicida, a pessoa não morreria. Isso tem sérias repercussões no corpo astral e mental, que inviabilizam, por vezes, um novo nascimento.

Por isso tais gentes não podem ser encaminhadas. Pois não há compatibilidade ou possibilidade delas serem acolhidas pelos Munis e Jinas em seus tabernáculos, repletos de vida e naturalidade.

Pelo mesmo motivo, de afinidade espiritual, muitas pessoas que são objeto de ritual de encaminhamento não são efetivamente encaminhadas. Se o morto não tem nem de forma rudimentar ou embrionária as escandas e virtudes que são naturais nos mundos interiores, não há como receber estas almas por lá.

Evidentemente existem exceções, mas acaba que este é o desfecho do suicídio.

É uma situação complicada, porque muitas vezes o suicida é vítima de um mundo pesado demais. Mas que se vencido, ou seja, se a pessoa sensível decidir ficar viva, mesmo que cause dor e transtorno, estará mais perto da verdade do que qualquer outro.

É como o muro das lamentações da Saga de Hades do Cavaleiros do Zodíaco. Uma óbvia representação do cone sombrio da lua, em que existe um muro separando o inferno dos Elíseos  (Agartha). Porém, apenas os deuses são capazes de transpor tal barreira.

Ou seja, poderia ser o ponto mais próximo dos Elíseos, mas é o mais longe. A menos que ser faça um deus, ou algo assim... por assim dizer.

Coisas aí pra pensar.





Friday, March 01, 2024

Ariomester, por Ariomester - ep.1


Ariomester, por Ariomester.

De vez em quando vou falar um pouco nesse blog extremamente estranho que quase ninguém lê.

É simples, politicamente incorreto, abertamente tendencioso e esquisito, mas é como eu sou.

:)