Algumas palavras sobre a forma como percebemos a realidade

Muitas vezes as pessoas me consideram radical por considerar que vivemos num emaranhado de irrelevâncias. Fora o Amor e as coisas da Mente, como a Arte, as Ciências, a Filosofia e a Magia, acredito fortemente que vivemos num emaranhado de irrelevâncias.

Não é apenas uma questão de escala, mas também de qualidade.

Há quem veja uma estrela e a associe a um time de futebol; ou veja uma blusa vermelha e associe a um partido político ou (a um time de futebol). A Estrela é a fonte da vida e a razão-de-ser do Universo. Sem as Estrelas, não existiria nada no Universo conforme o conhecemos, incluindo todos nós, nossos ancestrais e descendentes. Acredito isso ser maior que qualquer possibilidade real ou concreta de time de futebol ou associação político-partidária.

Eu tenho um enorme carinho pelas Estrelas, desde bem pequeno.

Achava o céu do dia um pouco chato porque não dava pra ver Estrelas. Até que entendi que o Sol é uma Estrela. E passei a adorar o dia e ficar tomando banho de Sol, o que já me curou de muitas doenças. O Sol me alimenta e faz bem e por Ele tenho enorme carinho.

As pessoas atuais riem e ridicularizam os antigos, que consideravam o Sol uma Divindade. Eles que estavam certos.

A Terra não era habitável. O Sol já existia.
Surgiram animais e depois humanos, que brigavam uns com os outros, se matavam por poças d'água, disputavam para saber quem dirigia mais rápido, quem ganharia mais dinheiro, riam dos que não têm dinheiro e se acham melhores que os demais por terem frequentado uma escola ou curso, ou por terem um sobrenome reconhecido socialmente, se atribuindo "poder" e considerando-se "poderoso".

Um sacerdote antigo sempre os desafiaria da seguinte forma:

"Prova-me que és poderoso apagando o Sol imediatamente".

Sem metáforas, sem interpretações. O Sol que está no céu ao meio dia.

Nada de eclipse nem tapar o Sol ou cegar as pessoas. Apagar e esfriar o Sol, literalmente.

Se a pessoa não é capaz disso, sinto muito, ela não tem poder algum.

Ou se o tem, é um poder que faz mais mal do que bem.

Daí os antigos sábios viverem se desapegando das coisas, vivendo como mendigos, fugindo da vida social e dos ciclos de empoderamento social. Exatamente para não serem atingidos por um poder que não faz bem.

Infelizmente vivemos num mundo onde devemos assumir uma parcela de "poder" para continuarmos vivendo em sociedade. E levar o desapego a níveis muito diferentes e muito maiores do que os antigos. Desapegando de ideias, de alguns planos, de coisas muito desejadas, se for necessário.

As pessoas dirão - "sou poderoso, posso te matar". E eu digo - "isso torna você um assassino, o pior dos seres humanos. Deus me livre ter um 'poder' desse tipo".

Na verdade, essa pergunta antiga era um dos vários testes aplicados a quem queria adentrar as Escolas Iniciáticas antigas. Dá saudade.

Antes de finalizar deixando o interessantíssimo texto do link, explico a lógica do teste, que acho ninguém usa hoje em dia:

Ao propor apagar o Sol, testa-se o caráter de cada sujeito. Há os que param, pensam se isso é possível ou não e respondem que não, ou sugerem um outro desafio, algo assim. Serão bons discípulos e grandes Mestres pois raciocinam e refletem mesmo e principalmente sobre o absurdo, de modo a achar lógica onde aparentemente ela não existe. São os melhores candidatos.

Há aqueles que irritam-se com a proposição. Não eram nem considerados candidatos, pois não sabem ouvir, querem apenas se mostrar e serem aplaudidos.

E há aqueles que já saem tentando apagar o Sol através de diversos procedimentos inúteis, ou ficam raciocinando formas de se fazer isso, passando uma vida toda tentando fazê-lo. São candidatos fracos, provavelmente inadequados pois não são capazes de mentalmente visualizarem o Sol, a Terra, nossas capacidades, o funcionamento do Sol e rapidamente juntar todos estes elementos de modo a concluir que seria impossível apagar o Sol.

Legal né?

Fica o texto. Vale a pena ler e refletir sobre a dimensão das coisas que muita gente considera importante. E o quanto a mente é grandiosa e capaz de visualizar coisas tão grandes como o universo e as dimensões. E ao mesmo tempo o quanto as pessoas se forçam a viver no limite mais inferior da lógica e percepção da realidade, o que lhes faculta as poucas realizações que atingem, tendo em vista tudo que poderia ser.

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