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Tuesday, November 21, 2023

O brasileiro tem que ser estudado? Ele foi, não deu bom, mas nem percebeu.



Outro dia vi uma entrevista muito boa sobre superdotação. Vou fazer uma análise fundamentada em literatura cientifica.

Este artigo é bastante extenso, mesmo para os padrões deste blog. Está dividido em três partes: comentários sobre a entrevista; o que as pesquisas científicas têm apontado sobre o tema; ideias e reflexões para pessoas com superdotação e pais de crianças/jovens com quadro de superdotação.

Sim, o assunto deste post é inteligência. Cabe uma introdução.

A inteligência é a capacidade de associar informações, encontrar soluções efetivas para problemas e simplificar relações complexas entre objetos e conceitos. É a habilidade de aprender rapidamente e alcançar excelência em áreas desconhecidas. Além disso, a inteligência envolve a capacidade de prever resultados ou efeitos de ações presentes e considerar várias perspectivas e possibilidades. 

A inteligência também é a capacidade de assimilar e classificar informações, chegar a conclusões independentemente e se auto-ensinar. Inclui a habilidade de análise e criação artística, literária e intelectual. No entanto, é importante notar que a inteligência não é sinônimo de inteligência emocional ou habilidades motoras, que são aspectos distintos.

Vivemos num país de estúpidos. A população brasileira é uma das maiores em taxas de analfabetismo funcional, sinal de baixa inteligência. Indicativo de sérias dificuldades de compreensão e ação; chance aumentada de adoção de soluções erradas e/ou perigosas, avaliações de risco e prioridade precárias etc.

Tome por medida a quantidade de acidentes automobilísticos no Brasil, em sua maioria causados por mau julgamento do condutor (baixa inteligência, impulsividade). Ou as práticas religiosas, como as neopentecostais, em que é difícil entender o que estão fazendo com danças e práticas esquisitas.

Um alto ex-governante brasileiro, que teve mandato entre 2019-22 disse, ao celebrar a vitória de JAvier Milei na Argentina, que "estava torcendo contra o Brasil". Do alto da sua estupidez, típica de quem corre atrás de um pássaro exibindo uma caixa de cloroquina, concebe a relação Brasil-Argentina a partir de uma rivalidade futebolística, sendo incapaz de entendê-la enquanto um estado soberano, com questões próprias a resolver e que não fazem parte de um embate entre os dois países.

Sinal de baixíssima qualidade intelectual, assim como a quase totalidade de seus ex-ministros e associados. Aclamados por um povo não exatamente mais inteligente do que eles.

Uma outra ex-governante era brilhante, certamente pontuaria bem alto em termos de QI, mas não tinha governança pois lhe faltavam as habilidades sociais para dialogar, por exemplo, com o congresso nacional. Ainda que ser incapaz de negociar com tantos corruptos e corruptores possa ser tomado como um elogio, indica um contratempo comum na superdotação:a dificuldade em entender e se mesclar aos nem tão inteligentes; ou nem tão bem intencionados assim, como é o caso de grande parte da população.

Isso para não falar de ex presidenciáveis obviamente superdotados, apresentando planos certeiros para que o Brasils e desenvolvesse, mas foram preteridos nas urnas a favor de pessoas menos esclarecidas e infinitamente menos capazes, com as quais o povão se identifica mais. E através das quais o grande capital continua a ditar as regras de destruição e exploração do Brasil.

Olhando para os mais ricos e estudados, vemos diariamente a dificuldade da classe média e alta em eleger políticos competentes, gerir suas empresas, etc. Por exemplo, quantas empresas ou grupos brasileiros de tecnologia e inovação se tornaram internacionais e dentre as maiores do mundo, à exceção da ex-estatal Embraer e da estatal Petrobrás?

Além de muitos deles terem apoiado explicitamente movimentos golpistas, reacionários e que apresentam-se mais perto da psicopatologia do que do livre-arbítrio. Coisas que causam mais prejuízos do que lucros às suas empresas, o que contraria a lógica mercartil e capitalista que tanto dizem defender... "que burro... dá zero pra eles", diria o sábio Chaves.

O gosto por músicas de baixa qualidade, séries e filmes ruins, predominio do baixo emocional sobre todo o resto da psique, mente e emoções são sinais de baixa sensibilidade e apreço por soluções grosseiras. Desprezo pela intelectualidade, pela ciência, por manifestações emocionais um pouco mais sofisticadas do que o noticiário sangrento da TV ou videos de acidentes e pessoas mutiladas também indicam reduzida empatia e diminuta inteligência.

Vamos ao artigo.

Primeiro, gostaria de comentar a entrevista, propiramente dita.


Link: https://www.youtube.com/watch?v=o6MbvfXckec


Diferenças entre superdotação e altas habilidades - https://www.youtube.com/live/o6MbvfXckec?si=aJ4fG8AuwNQzLGE0&t=84

Superdotação é um termo estatístico que descreve pessoas capazes de realizar atividades intelectuais complexas com facilidade e aprender rapidamente de forma autodidata. Essas pessoas alcançam níveis de excelência facilmente e em curto período de tempo, ao contrário de pessoas não superdotadas. Já o termo "Altas Habilidades" é mais qualitativo, dependendo da interpretação do interlocutor, e não é baseado em testes estatísticos. Logo, superdotação subentende um forte componente cerebral, enquanto altas habilidades podem abarcar um treinamento eficiente. Em outras palavras, a superdotação ocorre naturalmente aos superdotados, os constitu, enquanto as altas habilidades precisam ser treinadas e são alcançadas artificialmente, isto é, a partir do treinamento e não por um desenvolvimento natural do sujeito.


O sistema educacional não comporta superdotados: https://www.youtube.com/live/o6MbvfXckec?si=XoyRojz0FjL8dkel&t=443

A legislação educacional brasileira classifica a superdotação como parte da "educação especial", que abrange uma variedade de necessidades dos alunos. A lei enfatiza a inclusão desses alunos na educação regular para evitar a segregação, garantindo a acessibilidade e a adequação das atividades. Essa abordagem se aplica igualmente a alunos superdotados, com a recomendação de manter esses alunos em turmas de sua idade, mas com atividades ajustadas às suas habilidades.

Por exemplo, se um superdotado é excelente em contas de somar e subtrair, mas não tem boa interação social, ao invés de alocá-lo numa sala com outros experts em soma e subtração, ou mesmo divisão e radiciação, é mais conveniente promover a sua inclusão social. Será um desafio tão grande para ele quanto pode ser para os coleguinhas aprenderem a multiplicar ou dividir e agindo assim, mantendo-os na mesma turma cria-se o senso de participação em grupo, que energiza instintos fortíssimos entre os mamíferos, seja superdotado ou não.


Assincronias de desenvolvimento na superdotação: https://www.youtube.com/live/o6MbvfXckec?si=u-1kcqNODbmlpERc&t=519

O desenvolvimento infantil é complexo e assíncrono, com cada criança apresentando um ritmo único de crescimento. A superdotação, por exemplo, pode levar a um desenvolvimento mais rápido em algumas áreas, mas mais lento em outras, como habilidades emocionais e sociais. Portanto, é desafiador discutir a assimetria do desenvolvimento, especialmente em crianças pequenas.

Contudo, à medida em que o bebê vai crescendo, menos discrepantes devem ser as assincronias. Há crianças que falam com 2 anos, mas só deixam a chupeta com 6. Mas é esperado que aos 8, por exemplo, não existam mais tantas discrepâncias entre as habilidades e atitudes típicas da idade e aquelas observadas na criança.

Assim, um grande esforço dos pais e cuidadores de superdotados é atentar para as áreas em que o desenvolvimento não está ao par da idade e buscar soluções inteligentes, agradáveis, carinhosas para que a criança "saia da zona de coforto" (ou seja, da idade emocional anterior à idade cronológica) e ganhe maturidade e habilidades sociais e emocionais.


Alergias em superdotados: https://www.youtube.com/live/o6MbvfXckec?si=FIpQsrY4K8YXeAP5&t=868

Não tenho o dado estatístico que comprove esta observação. Mas é sabido que quanto maior a capacidade mental de uma pessoa, se decorrente de maior atividade cerebral, todos os processos que dependem da ativação cerebral serão aumentados. Teoricamente, a somatização nestes casos deve ser maior, porque a atividade mais intensa pode acabar desencadeando reações corporais mais fortes do que em outros sujeitos.


Neste ponto gostaria de trazer uma outra referência: Mansur-Alves, Marcela ; Filho, SAS ; Flores-Mendoza, Carmen E. ; TIERRA-CRIOLLO, C. J. . The Event-Related Desynchronizarion (ERD) correlated to Psychometric Intelligence in Brazil: A Neural Efficiency Study Methodology. Revista Brasileira de Engenharia Biomédica (Impresso) , v. 28, p. 36-43, 2012.

É um artigo fundamentado na tese de doutoramento em Neurociências de uma professora do departamento de Psicologia da UFMG. Resumidamente, crianças com elevado QI apresentaram redução na atividade neural ao resolver tarefas. Ou seja, o cérebro das pessoas com elevada inteligência é mais eficiente que o normal, encontrando respostas acertadas mais facilmente e bem mais rapidamente.

Paradoxalmente, uma informação não contradiz a outra. Pode ser que exista uma atividade cerebral maior, mas mesmo se não for, será, obrigatoriamente, mais eficiente. Parece que esse é o elemento-chave no sucesso de superdotados em resolverem problemas de lógica/abstração.


Um estudo curioso trouxe uma informação semelhante:

Naito E, Hirose S. Efficient foot motor control by Neymar's brain. Front Hum Neurosci. 2014 Aug 1;8:594. doi: 10.3389/fnhum.2014.00594. PMID: 25136312; PMCID: PMC4118031.


Pesquisadores avaliaram a atividade cerebral de jogadores de futebol profissionais e amadores, dentre eles o brasileiro Neymar. Foi encontrado que enquanto os cérebros de amadores e outros jogadores precisam coordenar muitas áreas cerebrais e intensa atividade neuronal, o cérebro de Neymar consegue resolver o mesmo problema (chutar a bola) com pouquíssima atividade cerebral. É mais eficiente, portanto.

Mas isso faz dele um superdotado? Não.

Altas habilidades (motoras, no caso)? Sim. Fruto de treinamento e predisposição para o treinamento.


Distúrbios de sono em bebês superdotados: https://www.youtube.com/live/o6MbvfXckec?si=JwlCLVZ6rb-xAflv&t=1041

Dificuldades de sono em bebês nem sempre estão ligadas à atividade neural intensa, e podem ser parte do ajuste ao ritmo circadiano e rotinas da família. No entanto, uma maior ativação cerebral pode levar a dificuldades de sono, que podem ser erroneamente interpretadas. A superdotação, caracterizada por curiosidade e comunicação, pode exigir mais neurotransmissão gabaérgica (que causa letargia, induz sono, dessincroniza áreas cerebrais, reduz a atividade neural) para "desligar" o cérebro, resultando em dificuldades de sono, embora outros fatores possam estar envolvidos.

Do outro lado, pensando num sujeito que tem dificuldade para se desconectar e dormir, podemos imaginar a sua propensão ao consumo de entorpecentes e drogas lícitas que induzam sono ou letargia e os danos que isso possa causar na sua vida. Por outro lado, a partir da perspectiva psicoterapica, um treinamento extensivo, desde a infância, sobre controlar emoções, lidar com a ansiedade, perfeccionismo etc. pode ser valioso para evitar um futuro drogadito ou viciado em remédio para dormir e ansiolíticos.


Questionamento profundo e superdotação: https://www.youtube.com/live/o6MbvfXckec?si=m-5sPqzuUo6q9yID&t=1085

O QI é determinado pela relação entre a idade mental e a idade cronológica de uma pessoa, o que pode resultar em altos QIs para aqueles com maturidade avançada. À medida que a capacidade cognitiva aumenta, a necessidade de lidar com informações mais complexas também aumenta. Portanto, indivíduos altamente inteligentes podem precisar de maior complexidade em suas rotinas diárias para se sentirem equilibrados. A realocação de crianças superdotadas para turmas de pares mais velhos pode não ser benéfica, pois pode expô-las a uma dinâmica emocional para a qual não estão preparadas. Assim, a legislação atual sugere que a idade deve ser o principal critério para a alocação de crianças na educação seriada.

Aí está uma excelente oportunidade de disciplinar uma criança superdotada e ensinar algo sobre a diversidade e alteridade. Se os pais não sabem a resposta para a pergunta, que tal ensiná-la a procurar por ela nas bibliotecas, mecanismos de buscas...? Que tal conversar e ser sincero sobre não saber a resposta, ou considerar aquela conversa difícil de acompanhar, mas que fará questão de conversar porque sente bem ao lado da criança e adora quando ela fala coisas tão complexas.

Atitudes simples como estas trarão segurança à criança e um profundo senso de respeito a quem lhe deu atenção. A criança superdotada é extremamente sensível e mesmo pequenas ironias ou desprezo pelo que diz será contabilizado, portanto, é inteligente ser honesto e dar À criança espaço para falar sobre o que quiser, mesmo que digamos que não temos condições de opinar. Porque cada um é diferente e bom na sua área. Que tal mostrar no que você é bom para a sua criança superdotada?


Distúrbios do sono em crianças - https://www.youtube.com/live/o6MbvfXckec?si=_Q9yqXUNtW5XJGHv&t=1779

Não é um fenômeno exclusivo ou determinante no diagnóstico de superdotação.


Desenvolvimento precoce de superdotados: https://www.youtube.com/live/o6MbvfXckec?si=Q7Z93-TTFGLI5C52&t=2197

Primeiro, uma pessoa superdotada pode buscar complexidade e regulação emocional na música, independentemente do gênero. Segundo, a escola é um local de socialização e desenvolvimento emocional, onde a tolerância e a inclusão são fundamentais. Uma criança superdotada pode se beneficiar de um ambiente que valoriza esses princípios. Finalmente, é importante respeitar os gostos individuais e promover a aceitação das diferenças, seja na música ou em outros aspectos da vida.


Autoestima da pessoa superdotada: https://www.youtube.com/live/o6MbvfXckec?si=UOx3KzmHm45sev5C&t=2829

Ser superdotado no Brasil pode ser um desafio devido à falta de compreensão e apoio da sociedade. Embora superdotados sejam capazes de lidar com grandes volumes de informação e resolver problemas complexos, eles podem se sentir isolados e incompreendidos. A falta de reconhecimento e aceitação pode levar a sentimentos de depressão e desmotivação, impactando negativamente seu desempenho acadêmico e profissional. Portanto, é crucial promover uma maior compreensão e apoio para os superdotados na sociedade.

Dois exemplos:  eu lembro que era pequeno e adorava livros de ciências, de medicina, de tecnologia. Não gostava de histórias infantis, não desenhava nuvem com olhinho e achava estranho quando me davam um carrinho ou boneco. Eu tinha uns 9 anos e fui conversar com amigos da mesma idade sobre algo que tinha lido "o homem produz 150 milhões de espermatozóides por dia". Eles riram, zombaram e disseram que isso é inútil, que eu era idiota por aprender tais coisas, pois o que importa é "comer as meninas".

Agora me dê 3 motivos para voltar a conversar com essas pessoas. Hoje em dia, 35 anos mais tarde ainda não consegui encontrar nenhum.

Outro exemplo: um professor de física do pré vestibular dizia que se existisse forno de microondas e máquina de lavar quando era jovem, não teria se casado. Ou seja, ele recorreu ao matrimônio porque havia atividades que não conseguia desempenhar sozinho. Isso é o normal.

Atípico seria ele aprender a cozinhar tão bem quanto um chef e criar rortinas de lavagem, secagem e passagem de roupas que minimizassem o consumo elétrico, de água e maximizassem o resultado, utilizando, por exemplo, horários ociosos, ou em que tivesse que esperar algo ficar pronto.

No segundo caso, vemos uma solução que o superdotado talvez preferisse ao invés de recrutar outra pessoa para fazê-lo, a não ser por falta de tempo ou por hábito de delegar a terceiros aquilo que poderia fazer. Mas jamais por se sentir incapaz de fazê-lo bem.

Essa situação merece atenção. Por se sentirem autônomos e capazes de aprender bem praticamente qualquer coisa, uma das estratégias (infelizes) de ajuste emocional é se isolar. Sem querer, acabam inibindo o seu desenvolvimento (que ocorre somente em sociedade, no contato com os outros) e criando novos problemas emocionais, pois ao se isolar estamos indo de encontro à maioria dos instintos que todos temos. O corpo não reage bem a ir contra os instintos e revidará, modificando o metabolismo, trazendo outros problemas que se refletirão no emocional, que buscará uma outra forma (infeliz) de atenuação etc.

Para se ter uma ideia, quando um mamífero sente que vai morrer, ele se isola. A dor do isolamento é mais forte que a dor de um câncer terminal e com isso a pessoa que se isolou precisa lidar, o que não é fácil.

Portanto, é inteligente auxiliar a criança desde a infância mais inicial acerca de se sentir bem em grupo; colaborar; brincar; gostar de estar com outras crianças; aceitar e valorizar a diferença; ser resiliente; não fugir ou se isolar na presença de conflitos, brigas, agressões, ameaças. E acima de tudo: ser o porto seguro para ela, a pessoa que lhe dirá para ela tentar de novo e ela, sem saber o motivo, tendo todas as justificativas para desistir... tentará de novo.


Superdotação e comorbidades: https://www.youtube.com/live/o6MbvfXckec?si=9zAdmBp2Vu_dVkiq&t=3935

Ponto alto da entrevista. Estatisticamente, 0,1% da população brasileira possui QI compatível com superdotação (acima de 130). Logo, a chance de um psicólogo, pediatra ou psiquiatra que não seja especializado nesse tipo de paciente, de encontrar um caso desses é de 1 a cada 1000, na melhor das hipóteses.

Por outro lado, a depressão atignge 15,5% da população adulta, ou seja, ao menos 1 ou 2 a cada 10 pacientes do serviço psiquiátrico têm depressão. Isso levou a uma enxurrada de publicações e muito debate nas universidades e congressos da área da saúde mental.

O mesmo não ocorre com a superdotação, justamente por ser rara. Assim, os profissionais da saúde mental também estejam mais habituados a diagnosticar autismo (4,3%) ou TDAH (5,8%). Outro dia ouvi um podcast interessantíssimo sobre a depressão (tema do meu Doutorado em Música):

Eis o grande problema dos diagnósticos de 5 minutos ou checklist de stories do Instagram. Uma pessao deprimida vai parecer distante, dispersa... um superdotado pensando mil e uma coisas vai parecer disperso, distante... uma pessoa TDAH vai parecer dispersa, distante... se o critério for simplesmente "parecer distante", uma mesma pessoa pode receber 3 diagnósticos diferentes e até mesmo não ser nada disso.

Compreendam: na área da saúde mental ainda estamos meio que no século 18 ou 19. Não existem exames ou análises clínicos que informem com 99,9% de precisão um diagnóstico, como ocorre no raio-x, no exame de sangue, na ressonância magnética funcional. Avaliação psicológica ou psiquiátrioca é complexa e pouca gente sabe, de fato, como realizar esse tipo de procedimento.

Então, muito cuidado ao serem avaliados ou deixarem avaliar as crianças e jovens sob sua guarda. É o caso de a escola ter indicado problemas? Então é bom fazer o diagnóstico. Não é o caso, ou a criança parece estar desenvolvendo normalmente, apesar dos pesares?Então vamos ajudá-la a crescer, sem pendurar no pescocinho dela uma placa de diagnóstico que levará para a vida toda.


Diferenças entre pessoas inteligentes e superdotados: https://www.youtube.com/live/o6MbvfXckec?si=eH7dvobzZBXThXkH&t=4238

Diferentes níveis de QI podem afetar a capacidade de uma pessoa de lidar com tarefas complexas e grandes volumes de informação. As pessoas com QI mais baixo podem ter dificuldades com tarefas que exigem pensamento abstrato e tomada de decisões, enquanto aquelas com QI acima da média podem ser capazes de realizar tarefas complexas, mas a um custo psicológico. Por outro lado, os superdotados, com QI acima de 130, aprendem tarefas complexas espontaneamente e sem sofrimento ou desgaste mental, emocional ou físico. Eles precisam dessa complexidade e do envolvimento com grandes volumes de informação para evitar se tornarem desanimados ou apáticos. 


Superdotação não identificada na vida adulta: https://www.youtube.com/live/o6MbvfXckec?si=-jAKuwx1xaum997f&t=5306

É fácil se sentir inteligente no Brasil. Uma vez que a maioria da população apresenta sérias dificuldades cognitivas, é relativamente fácil se destacar, mesmo não sendo um superdotado. Mas existe o outro lado da moeda e nesse sentido entendo o posicionamento da dra a favor da testagem irrestrita de superdotação (até porque é o trabalho dela vender avaliações de superdotação).

Uma pessoa um pouco mais inteligente que a média do brasileiro fica horrorizada ou desaminada com facilidade: a todo momento vemos pessoas correndo riscos desnecessários, que obviamente levarão a acidentes fatais, mas os idiotas riem e dizem que "Deus está no comando" ou outras frases de efeito que o eximam de serem protagonistas da própria vida (sinal de rebaixamento do QI - baixa autonomia).

As músicas, novelas, celebridades, filmes, programas jornalísticos... é tudo ajustado para o grosso da população, que não apresenta virtudes ligadas à inteligência, mesmo considerando-se pessoas ricas ou estudadas. Isso cria uma ambiência de exclusão e sentimentod e não pertencimento às pessoas que possuem maior capacidade intelectual.

E ainda pior para os superdotados, que indo na contramão da maioria da população, precisam, para sentirem equilibrados e estimulados, tudo aquilo que a população por um lado abomina e por outro "crucifica", persegue e "queima na fogueira", como erudição, intelectualidade, sensibilidade. Aí temos outro ponto importante - a sensibilidade da pessoa superdotada, que tende a ser maior que o normal, em contraste a uma população que se machuca propostiadamente através de comidas e bebidas que mais fazem passar mal do que bem, justamente devido à natural insensibilidade.

Pode reparar que se der um tapa num cachorro ele nem nota. Se der numa criança ela chora, se der num adulto ele vai sentir. Quanto mais grosseira a criatura, mas simplórias são as soluções encontradas e mais sera considerada "frescura", "idiotice", "perda de tempo", "mundo da lua" aquilo que na verdade se trata de objetos e conceitos inacessíveis a quem não seja altamente sensível e inteligente.

Nesse sentido, a avaliação de superdotação pode dar a estes sujeitos uma noção mais clara do que de fato são e que não são "frescos", "incompetentes", "preguiçosos" etc.

Por outro lado, testagem de criança é uma coisa muito delicada.

Toda testagem psicológica vem com um rótulo ou identificação que estigmatiza. A criança TDAH vai justificar sua vida num transtorno; a criança ansiosa vai se esquivar de muitas coisas na vida por se dizer ser ansiosa; o autista vai muitas vezes evitar os outros porque é autista.

Se o quadro psicopatológico não está causando prejuízo severo à criança, não acredito que testar seja boa ideia. É mais inteligente os pais e cuidadores, assim como os professores se inteirarem da singularidade da criança superdotada e a manterem sempre incluída socialmente, mas lhe provendo aquilo que ela precisa para se sentir bem.


Bem, já falei demais dessa entrevista, quem ficou interessado eu recomendo assistir. Não trouxe "spoilers", apenas comentei diferentes trechos dela.


A chance estatística de uma pessoa brasileira, escolhida ao acaso ser ou mediana ou retardado mental gira ao redor de 84%. Quer dizer que 8 a cada 10 pessoas na rua são ou medianas ou menos que isso. A chance para pessoa com inteligência acima da média, 14%; e para pessoas com inteligência superior/superdotação é de, no máximo 2,1%.

Imagine um psicólogo ou psiquiatra que atenda todo tipo de demanda. Encontrará, provavelmente, um superdotado a cada 100 pacientes típicos. Qual a chance dele ignorar essa particularidade e tentar resolver as demandas da família ou do sujeito classificando-o erroneamente, como TDAH, autista, borderline, TAG (transtorno de ansiedade generalizada) etc?

Contudo, existem comorbidades e casos em que realmente há superdotação e outros quadros psicológicos ou psicopatológicos. Mas o diagnóstico desses quadros deve ser muito criterioso e seguir a regra que todos aprendemos na faculdade de psicologia: T de TDAH, TAG (ansiedade generalizada), TAB (Afetivo bipolar) e  outros sugnifica TRANSTORNO, prejuízo, problema grave, comprometimento severo das atividades cotidianas, sociais, laborais, pessoais do sujeito.

Um assunto tão restrito não é muito conversado na faculadde e poucos profissionais se formam capacitados a atender adequadamente este público. O que fazer?

Para ilustrar essa situação, trago um exemplo adicional, no campo da depressão. Ela atinge 15,5% da população e é algo extensamente debatido, ensinado e conhecido dos profissionais da saúde mental. Contudo, muitos casos não são reconhecidos, ou tratados adequadamente, como é falado no podcast do link abaixo.

Psicanálise de Boteco: A depressão e as psicanálises


Neste podcast o apresentador comenta da dificuldade de muitos psicólogos e psicanalistas em tratarem o sujeito deprimido, muitas vezes por ignorância ou incapacidade de lidarem com ele e suas demandas. Imagine só, uma doença 3 vezes mais prevalente que TDAH (5%) , quatro vezes mais que Autismo (4%), possivelmente um dos temas mais pesquisados e discutidos na saúde mental... e ainda assim muitos psicologos, psiquiatras e psicanalista têm dificuldades em tratar. Imagine a situação dos superdotados (0,1% da população)...

Antes de prosseguirmos, vamos explicar os conceitos de inteligência e o significado do QI?


Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Quociente_de_intelig%C3%AAncia

No século XVIII-XIX, as pessoas eram distinguidas por sua inteligência, com base em sua eficiência em realizar atividades cotidianas, como operações matemáticas complexas e resolução de problemas de lógica. Com o tempo, essas avaliações deram lugar a métodos estatísticos de testagem, que inicialmente buscavam identificar indivíduos que se destacavam e comparar seus resultados com os das pessoas comuns. No início do século XX, o conceito de QI, ou quociente intelectual, foi introduzido, representando a razão entre a idade mental e a idade mental esperada para uma determinada faixa etária.



QI  = ((idade atual) / (idade esperada)) * 100


Logo, essa forma de identificação da inteligência é estatística, isto é, ao invés de elencar algumas poucas pessoas brilhantes e categorizar todas as demais a partir do quanto conseguem realizar atividades similarmente aos modelos escolhidos, numa espécie de ranking, grande quantidade de pessoas é testada desde habilidades básicas indo até bem complexas. A partir do resultado que espontaneamente estas pessoas exibem na testagem é que são identificadas as habilidades comuns para aquela determinada faixa etária.

Por exemplo, não é esperado que um bebê de 2 anos realize cálculos complicados ou leia fluentemente; mas é esperado que um jovem de 19 anos seja capaz de realizar ao menos as operações matemáticas elementares, resolver equações simples (p.ex, regra de três) e entender uma quantidade razoável de vocábulos.

Pessoas com QI de 100 estão intelectualmente ajustadas e representam a maioria da população, enquanto um QI abaixo de 100 indica capacidade mental reduzida e um QI acima de 115 indica capacidade acima da média, sendo que um QI acima de 130 é considerado superdotação. Uma outra maneira de avaliar a capacidade intelectual é através dos percentis, que representam o percentual da população com capacidade intelectual inferior à do indivíduo.

No Brasil, a média de QI da população não é 100, mas 87, ou seja, em média o brasileiro possui capacidade intelectual menor que o esperado. Por isso há quem diga que QI acima de 118 seja considerado superdotação, o que não é verdade. Isso porque em geral, as pessoas com capacidade intelectual igual a 118 são bem menos capazes do que as que apresentam QI 135, por exemplo; seu desenvolvimento é diferente, assim como as dificuldades de socialização.

Na verdade, seguindo a lógica proposta por Wechsler (1939), se a média no Brasil é 87, isso quer dizer que 34% da população tem capacidade cognitiva limítrofe entre baixa capacidade e retardo mental; 14% são tecnicamente pessoas com comprometimento cognitivo considerável e cerca de 2% pessoas com retardo mental profundo.

Acima da média 87, encontramos 34% da população com capacidade cognitiva medíocre-mediana; 14% capacidade boa/suficiente; 2% capacidade acima da média; e 0,1% superdotação (percentil 99,9%).

A inteligência é avaliada, dentre outros construtos,  através de linguagens explícitas, como o idioma, e implícitas, como inferências lógicas. Dificuldades em ler, escrever, falar e entender textos e contextos podem estar relacionadas ao rebaixamento generalizado do QI, um fenômeno que ocorre em todas as classes sociais e níveis de escolaridade no Brasil.

A elevada taxa de analfabetismo funcional no Brasil é um forte indicador do QI rebaixado, dificuldade em tomar decisões acertadas, determinar prioridades, resolver conflitos, entender possibilidades diferentes do óbvio, acompanhar os acontecimentos e avanços tecnológicos e sociais.

 Pessoas mais intelectualmente capazes geralmente têm maiores dificuldades de socialização e ajuste social, enquanto pessoas menos intelectuais se ajustam mais facilmente e frequentemente recrutam a ajuda de terceiros para realizar suas atividades. Em contraste, indivíduos superdotados tendem a aprender sozinhos e, se recrutam ajuda, é geralmente para ganhar tempo ou explorar análises e interpretações mais profundas, fazendo com que se sintam independentes dos demais.

Será?

Vamos ver o que seis artigos científicos sobre o tema nos dizem a respeito:


Artigo 1: COSTA, Maira Maria da; BIANCHP, Alessandra Sant’Anna  e  SANTOS, Márcia Melo de Oliveira. CARACTERÍSTICAS DE CRIANÇAS COM ALTAS HABILIDADES/ SUPERDOTAÇÃO: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA1. Rev. bras. educ. espec. [online]. 2022, vol.28 [citado  2023-11-17], e0121. Disponível em: <http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382022000100401&lng=pt&nrm=iso>.  Epub 23-Nov-2021. ISSN 1980-5470.  https://doi.org/10.1590/1980-54702022v28e0121.


Um estudo sobre o desenvolvimento de uma criança superdotada de cinco anos e três meses revelou um progresso precoce nas áreas de linguagem e desenvolvimento motor. Apesar de seu desenvolvimento cognitivo superior à sua idade, a criança enfrentou desafios nas interações sociais, alinhando-se à observação de que existe uma dissincronia no desenvolvimento geral dessas crianças. Em relação às "Relações de aprendizagem e funções cognitivas", as crianças superdotadas mostraram um melhor desempenho em habilidades visuais, auditivas e motoras, integração sensorial e tátil, e memória de curto e longo prazo, em comparação com as crianças típicas.

Além disso, essas crianças apresentaram um desempenho superior em memória visual, raciocínio verbal, construção perceptual e inteligência fluida, e mostraram maior autoestima. No entanto, não foram encontradas diferenças no controle inibitório entre as crianças com e sem superdotação. Quanto ao desempenho acadêmico, o estímulo e a instrução dada às crianças são importantes para o desempenho nas tarefas, e ser superdotado e receber treinamento está positivamente associado ao desempenho na tarefa final. As pesquisas exploraram aspectos da linguagem e descobriram que as crianças superdotadas apresentavam um desempenho elevado, corroborado por um estudo de revisão da literatura que verificou uma alta habilidade de compreensão oral e escrita, um vocabulário rico e um interesse precoce pela leitura nas crianças superdotadas.


Artigo 2 - POCINHO, Margarida. Superdotação: conceitos e modelos de diagnóstico e intervenção psicoeducativa. Rev. bras. educ. espec. [online]. 2009, vol.15, n.01 [citado  2023-11-17], pp.03-14. Disponível em: <http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382009000100002&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 1413-6538.


Uma criança sobredotada ou talentosa é aquela que demonstra um alto nível de desempenho e um potencial notável em comparação com seus pares da mesma idade, experiência ou origem social. Essas crianças se destacam em diversas áreas, como intelectual, criativa, artística, liderança e acadêmica, e exibem capacidades elevadas que implicam a necessidade de desenvolver um talento.

No entanto, devido à falta de informação sobre as características inerentes a uma pessoa sobredotada, esses indivíduos podem ser erroneamente rotulados, levando a dificuldades de relacionamento em vários contextos. É importante lembrar que uma criança com características de sobredotação não é um conjunto estático de estereótipos. Ela é, antes de tudo, uma criança que apresenta características de sobredotação e pode ser vista como uma criança "normal" com uma capacidade acima da média em uma ou mais áreas, possuindo características e necessidades próprias que diferem das demais.


Artigo 3 - DE OLIVEIRA, Ana Paula; CAPELLINI, Vera Lucia Messias Fialho  e  RODRIGUES, Olga Maria Piazentin Rolim. Altas Habilidades/Superdotação: Intervenção em Habilidades Sociais com Estudantes, Pais/Responsáveis e Professoras. Rev. bras. educ. espec. [online]. 2020, vol.26, n.1 [citado  2023-11-17], pp.125-142. Disponível em: <http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382020000100125&lng=pt&nrm=iso>.  Epub 12-Fev-2020. ISSN 1980-5470.  https://doi.org/10.1590/s1413-65382620000100008.


"O presente estudo teve por objetivo avaliar o repertório de habilidades sociais, problemas de comportamento e competência acadêmica de estudantes com AH/SD [N.E: altas habilidades/superdotação], antes e depois de um programa de intervenção sobre habilidades sociais, desenvolvido com os três segmentos. Utilizou-se de uma intervenção de caráter universal, focada em questões pertinentes a idade e problemáticas comuns presentes nas relações entre os três segmentos. Mudanças foram observadas, principalmente no relato dos próprios estudantes; no seguimento, para os pais/ responsáveis, houve melhora em responsabilidade; e, para as professoras, em habilidades sociais gerais, autocontrole, assertividade/desenvoltura social, cooperação/afetividade e competência acadêmica, tendo a pesquisa, assim, alcançado os seus objetivos."

Intervenção com alunos superdotados:

1 - Socialização: Ensinar e treinar as habilidades de cumprimentar; conversar, fazer e responder perguntas; apresentar-se; Refletir sobre as diferenças, sobre suas próprias características e semelhanças, além da necessidade de respeitarem uns aos outros. Confecção de cartaz com combinados; Dinâmicas: "O meu nome é"; "Peixes no aquário"; "Anjo da guarda" e "Caixa de tarefas - Role playing".

2 - Comunicação: Apresentar os diferentes tipos de comunicação e treinar o comunicar-se com colegas, expor-se e falar em público, tomar a palavra, fazer pedidos e ouvir. Dinâmicas: "Telefone sem fio"; "Roda de conversa"; "O que fazemos ao outro"; "Completando a história" e "Autógrafos".

3 e 4 - Expressão de sentimentos: Discriminar e expressar os sentimentos; Expressar carinho e frustração de forma adequada e elogiar. Dinâmicas: "Imagem e ação com baralho das emoções"; "Batata quente das emoções"; "Amigo secreto"; "Expressão por desenho"; "Dramatização" e "Indicar características".

5 e 6 - Autoadvocacia: Saber defender-se de crianças violentas, expressar direitos, desejos, preferências e necessidades de forma adequada. Leitura do artigo 1º da constituição federal brasileira; Confecção de cartaz informativo sobre bullying e apresentação nas salas da escola. Dinâmicas: "Batata quente dos direitos humanos"; "Palavras mágicas"; e "O que você parece pra mim".

7 - Autoadvocacia e assertividade: Apresentar as diferenças dos comportamentos: agressivo, assertivo e passivo. Treinar as habilidades de prestar ajuda, expressar opinião, trabalhar em grupo, receber e fazer críticas. Apresentação das diferenças dos comportamentos agressivos, assertivos e passivos. Dinâmicas: "Inocente ou culpado"; "Fazer e receber críticas"; e "Misto quente".

8 - Colaboração: Treinar as habilidades de oferecer e prestar ajuda, participar de grupos, trabalhar em grupo e participar de temas de discussão, dando contribuições relevantes. Leitura do texto "Os porcos espinhos"; Vídeo: "O sumiço de todas as mães"; Dinâmicas: "Cuidar da bexiga"; "Nem passivo nem agressivo: assertivo"; "Jogo dos 3 sentidos: cego, mudo e aleijado" e "O que você parece pra mim".

 

Intervenção com professoras:

1º encontro: Altas habilidades/ Superdotação, o que são? Apresentou-se o conceito, identificação, comportamentos de crianças com AH/SD, principais características, curiosidades, mitos e verdades, e direitos escolares.

2º encontro: Habilidades Sociais e a importância do ambiente - Estratégias para desenvolver habilidades sociais nos estudantes. Apresentou-se o conceito e algumas classes e subclasses das Habilidades Sociais. Abordou as habilidades de Socialização e Expressão de Sentimentos. Para cada uma destas habilidades, foram sugeridas duas dinâmicas que podem ser aplicadas em sala de aula com os estudantes para promover habilidades sociais em escolares.

3º encontro: Habilidades Sociais e a importância do ambiente - Estratégias para desenvolver habilidades sociais nos estudantes. Abordaram-se as habilidades de Comunicação, Autoadvocacia e Colaboração. Para cada uma destas habilidades, foram sugeridas duas dinâmicas que podem ser aplicadas em sala de aula com os estudantes para promover habilidades sociais em escolares.


Intervenção com pais:

1º encontro: Altas habilidades/ Superdotação, o que são? Apresentou-se o conceito, comportamentos de crianças com AH/SD, principais características e curiosidades.

2º encontro: Habilidades Sociais e a importância do ambiente - Estratégias para desenvolver habilidades sociais nos filhos. Abordaram-se as habilidades de Comunicação: Iniciar e manter conversação, fazer e responder perguntas; Expressão de sentimentos positivos: elogiar, dar e receber feedback positivo, agradecer, expressar e ouvir opiniões.

3º encontro: Habilidades Sociais e a importância do ambiente - Estratégias para desenvolver habilidades sociais nos filhos. Abordaram-se as habilidades de Comportamentos habilidosos, não habilidosos ativos e não habilidosos passivos; Feedback negativo e expressão de sentimento negativo; Fazer e recusar pedidos; Como lidar com críticas; e Estabelecendo limites.

"Os resultados indicaram que, com a intervenção, foi possível melhorar o repertório habilidoso de alguns participantes em alguns fatores. Em termos de implicações para intervenções com professores e pais, pode-se apontar a necessidade de mais encontros, tanto com o tema de AH/SD, quanto com o de habilidades sociais."


Artigo 4 - OUROFINO, Vanessa Terezinha Alves Tentes  e  FLEITH, Denise Souza. A condição underachievement em superdotação: definição e características. Psicol. teor. prat. [online]. 2011, vol.13, n.3 [citado  2023-11-20], pp. 206-222 . Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-36872011000300016&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 1516-3687.


Estudantes com potencial superior são frequentemente reconhecidos por sua facilidade de aprendizagem e alto rendimento acadêmico. No entanto, alguns desses estudantes não conseguem harmonizar seu potencial com seu desempenho escolar, uma condição conhecida como "underachievement". Esta condição é um dos maiores desafios na educação de superdotados e é caracterizada pela discrepância entre o potencial revelado e a performance do indivíduo. As principais causas da baixa performance acadêmica em superdotados incluem dificuldade de adaptação ao ensino regular, pressão para se adequar às normas, isolamento social e dinâmica familiar conflituosa. Fatores individuais como depressão, ansiedade, perfeccionismo, baixa autoestima e autoconceito negativo são identificados como precursores da baixa performance acadêmica.

É crucial que as escolas adotem abordagens que promovam o desenvolvimento da criatividade, autoconceito positivo, habilidades cognitivas e motivação para aprender em todos os alunos. Isso implica abandonar práticas pedagógicas que padronizam o ensino e a aprendizagem, excluindo assim alunos mais criativos que necessitam de uma abordagem individualizada. As famílias também precisam de apoio e orientação para atender às necessidades pessoais e educacionais de seus filhos, evitando expectativas irrealistas e eliminando obstáculos que impedem o pleno desenvolvimento pessoal e escolar do superdotado. A promoção de atividades que aproximem professores e famílias é importante, pois a descrição elaborada por ambos pode orientar o psicólogo na avaliação diagnóstica e na proposição de encaminhamentos mais adequados para os alunos.


Artigo 5 - ANDRADE, Erica Isabel Dellatorre, BERNARDES, Jade Wagner, LISBOA, Carolina Macedo de Saraiva and MARIN, Angela Helena, 2021. Práticas Educativas Parentais e Problemas Emocionais/Comportamentais em Adolescentes com Altas Habilidades/Superdotação Intelectivas. Psicologia: Ciência e Profissão [online]. 2021. Vol. 41, no. spe3p. e203883. DOI 10.1590/1982-3703003203883. Available from: https://doi.org/10.1590/1982-3703003203883


O estudo analisou a relação entre práticas educativas parentais e problemas emocionais e de comportamento em adolescentes superdotados. Os resultados indicaram que práticas educativas maternas, como cobrança de responsabilidade, apoio emocional e incentivo à autonomia, eram predominantes. Meninos apresentaram mais indicadores de problemas internalizantes e total de problemas, superando as meninas em cerca de 30%. A quantidade total de problemas identificados foi explicada em 17,4% pelo menor incentivo à autonomia por parte da mãe. Além disso, estudos indicam que indivíduos superdotados apresentam maior propensão ao desenvolvimento de problemas emocionais e de comportamento, com fatores de risco incluindo desenvolvimento dessincrônico, perfeccionismo e ansiedade.

Os resultados do estudo indicaram uma correlação negativa e moderada entre o controle punitivo exercido pelos pais e os aspectos positivos dos adolescentes. Isso sugere que práticas parentais mais afetivas, como conversar sobre sentimentos e emoções, elogiar e interagir com os filhos, podem ajudar a aumentar o autoconceito dos jovens superdotados e promover o desenvolvimento de suas habilidades e competências. No entanto, estilos parentais permissivos/negligentes e autoritários podem ter um impacto negativo na autopercepção desses jovens. Portanto, é importante que os pais adotem práticas educativas que apoiem o desenvolvimento emocional e intelectual de seus filhos superdotados.



Artigo 6 - VIRGOLIM, Angela, 2021. As vulnerabilidades das altas habilidades e superdotação: questões sociocognitivas e afetivas. Educar em Revista [online]. 2021. Vol. 37, p. e81543. DOI 10.1590/0104-4060.81543. Available from: https://doi.org/10.1590/0104-4060.81543


Abordar o tema de altas habilidades e superdotação requer uma visão complexa e sistêmica, considerando a heterogeneidade deste grupo. Esses indivíduos podem ter necessidades educacionais e afetivas diferenciadas, decorrentes de sua complexidade cognitiva e sensibilidade emocional. Eles podem exibir comportamentos sociais inadequados e sentimentos de inadequação, colocando-os em uma posição de vulnerabilidade e risco socioemocional se essas características não forem reconhecidas e trabalhadas. Além disso, eles se destacam em pelo menos uma área do conhecimento e podem apresentar várias características, como facilidade e rapidez na aprendizagem, alto nível de energia e curiosidade, e criatividade. No entanto, esses indivíduos podem ser mais vulneráveis a situações de bullying escolar e podem ter dificuldade em processar o que aprendem intelectualmente se os sentimentos estiverem bloqueados.

Pessoas com altas habilidades exibem perceptividade e capacidade para insights, resultantes de um alto padrão de raciocínio, vocabulário e sofisticação de pensamentos. Essas habilidades permitem que elas apreendam vários aspectos de uma situação simultaneamente e entendam rapidamente os elementos essenciais de um problema. Além disso, esses indivíduos podem ser introvertidos, preferindo passar tempo sozinhos para refletir e ponderar possíveis soluções para um problema, ou extrovertidos, obtendo energia das pessoas e objetos do mundo externo. O grau em que percebem a relação entre seu próprio comportamento e os resultados desse comportamento é denominado Locus de Controle. A assincronia, que é a sensibilidade e a vulnerabilidade da criança ou adolescente que não são aceitos pela família, escola ou sociedade, é percebida apenas nas crianças que têm dificuldade em fazer amizades. O termo "supersensibilidade", cunhado por Kazimierz Dabrowski, refere-se a uma maneira intensificada e expandida de experienciar o mundo nas áreas psicomotora, sensual, intelectual, imaginativa e emocional.

Crianças superdotadas podem apresentar várias características distintas:

-Maior nível de compreensão: Podem achar que a forma de raciocínio e compreensão dos colegas são "bobas" e expressar sua opinião para eles, o que pode levar à exclusão pelos colegas.

-Habilidades verbais avançadas: Podem conversar mais do que os colegas, que não entendem sobre o que estão falando. Isso pode levar à exclusão pelos colegas.

-Pensamento criativo: Resolvem problemas de seu próprio jeito, o que pode levar a conflitos com professores.

-Rápida no pensamento: Podem se entediar facilmente com a rotina e não completar suas tarefas. Isso pode levar a problemas comportamentais.

-Alto nível de energia: Podem ser muito distraídas, começando várias tarefas e não terminando nenhuma. Sua alta energia pode ser confundida com Transtorno de Desordem da Atenção e Hiperatividade – TDAH.

-Grande poder de concentração: Podem gastar tempo demais em um projeto, ficar perdida nos detalhes e perder os prazos de entrega. Isso pode causar frustração para a criança, seus pais e professores.

-Pensamento ao nível do adulto: O pensamento ao nível do adulto não se faz acompanhar de habilidades ao nível do adulto, tais como a diplomacia. Isso pode levar à exclusão pelos colegas e adultos.


Agora podemos combinar todas estas informações de uma forma mais prática.


As regiões da Inteligência, segundo o critério mais adotado:


1 - Muito abaixo da média (QI abaixo de 55): incapacidade cognitiva generalizada, precisa de cuidador ou tutor por ser incapz de realizar tarefas cognitivas simples de forma acertada. Isso pode ou não envolver comprometimento motor grave. É observada notada dificuldade em entender contextos e ideias simples e dificuldade de seguir etapas de um procedimento. 

2 - Abaixo da média (QI entre 56 e 70): dificuldade severa de processmento da informação irreversível por treinamento. O sujeito exibe alguma autonomia, mas suas decisões podem ser muito equivocadas com frequência. Podem recorrer a terceiros para entenderem ideias simples, apresentam notadas dificuldades em associar informações e estabelecer correlações. Incapaz de tomar decisões acertadas e conscientes.

3 - Um pouco abaixo da média (QI entre 71 e 85): dificuldade moderada de compreensão de ideias simples. Acha mais fácil seguir ordens do que entender as coisas por conta própria. É treinável, atécerto ponto de complexidade de operações. Capacidade reduzida de tomar decisões acertadas e gerenciar processos.

4 - Mediano (QI entre 86 e 115): compreendem a realidade relativamente bem. Não são naturalmente criativos e não atidos à intelectualidade. São treináveis e conseguem compreender contextos mais sofisticados. São capazes de aprender assuntos novos ou complexos com grande dificuldade e têm uma boa capacidade de julgamento.

5 - Um pouco acima da média (QI entre 116 e 130): compreendem a realidade bem, são capazes de supercisionar e coordenar processos. Lidam bem com decisões e julgamentos acertados. São amplamente treináveis, mas aprender novos assuntos ou habilidades complexas vem a um elevado custo psicológico: sentem cansados, desgastados. São as pessoas que se destacam na sociedade e exibem os sinais de cansaço como um prêmio: "lutei muito para me formar em direito, era muita informação" (por exemplo).

6 - Superdotados (QI entre 131 e 145): são pessoas que percebem a realidade de uma forma ainda mais complexa do que os que possuem inteligência acima da média. Diferente dos outros grupos, superdotas necessitam de grandes volumes de informação, complexidade de estímulos sensoriais e emocionais para se sentirem equilibrados. Enquanto alguns dizem sentir cansados por terem que aprender novas habilidades ou lidar com informações complexas, o superdotado normalmente sentirá prazer e equilíbrio ao lidar com tais coisas, pois para seu funcionamento normal precisa de complexidade e grandes volumes de informação para associar.

7 - Superdotados (QI acima de 146): são superdotados com capacidades ainda mais pronunciadas. Notadamente são pessoas que aprendem muitas tarefas diferentes, ou exibem características muito raras, tais como múltiplos talentos, capacidade muito superior de raciocínio e aprendizado, elvada capacidade de predição ou mesmo premonição.


Agora vamos falar sobre o superdotado e seus pares.

1 - Como lidar com o bebê superdotado?

Não há muito o que fazer, visto que não existe uma avaliação cognitiva para recém nascidos. Se não me engano a idade mínima para realização da bateria WISC, mais consagrada na avaliação da inteligência,são 6 anos de idade. Portanto, para bebês muito novinhos é muito difícil dizer se são ou não superdotados, porque os bebês se parecem muito uns com os outros até completarem 12, 15 meses de idade.

Para crianças tão pequenas, os conselhos da pediatria são vitais, mas é bom celebrarmos uma nova forma de criar as pessoas. Independente se são ou não superdotados, eu tenho certeza que meus filhos vão encontrar nomundo: grosseria, pessoas os oprimindo, batendo, humilhando, menosprezando, fazendo-os chorar. Por que diabos eu utilizaria essa metodologia na sua criação?

É de um sadismo imenso dizer "eu vou bater no meu filho para que o outro não bata". A pessoa faz tanta questão de ser malvada? Podemos negociar um outro mais forte para lhe bater e ver se gosta.

O que as crianças precisam e os superdotados mais que o normal: apoio, carinho, aceitação, tolerância, paciência, muitos beijos, muitos abraços, muitos elogios. Tentar ensinar e disciplinar através do carinho e não da punição violenta ou agressiva.

Descobrir que um bebê é superdotado não adianta nada, para ser sincero. Ele não será levado a outra família e nem precisará ser medicado por conta disso. Cabe, aos pais e cuidadores, por outro lado, máxima atenção ao pequeno, por conta do desenvolvimento mais acelerado em algumas áreas (por exemplo, mal está de pé e dali a duas semanas já corre feito louco) e mais atrasado em outras (por exemplo, 5 anos de idade e ainda precisa de chupeta ou que lhe sirvam a comida na boca).

Bebês altamente inteligente aprendem muito rápido. Mesmo tendo apenas meses de vida, Às vezes vendo o adulto realizar algo apenas uma ou duas vezes já entendem e indicam terem entendido a tarefa. São comunicativos e expressivos; e muito curiosos - adoram explorar ambientes e objetos novos. Não criam apego forte a um ou outro brinquedo, mas ao ato de brincar.

Muitas pessoas utilizam reforçamento negativo/punitivo: fez algo errado? Será repreendido ou castigado. É um método eficiente para adestrar animais, mas compeltamente equivocado para uma criança superdotada (supersensível). 

Existe o reforçamento positivo, que é muito mais indicado nestes casos: a criança se sente o tempo todo acolhida e aceita pelo que ela é. Quando faz algo errado, é feita uma ligeira repreensão, que tem por objeto o que aconetceu e não quem fez acontecer (ou seja, se derrubou um copo, o foco está no perigo do copo quebrado e não no bebê que jogou-o ao chão). E quando fizer algo correto (emprestar um brinquedo, falar coisas bonitas, ser gentil etc), reforçar intensamente. Ser até exagerado em elogios e reações afetuosas imediatas à ação.

Nada de deixar para o Natal: abrace, beije, elogie e incentive a fazer o certo, sempre que o bebê fizer certo, no exato momento em que ele fez certo.


2  - Como lidar com a criança superdotada?

Muitas famílias e professores erram feio nesse quesito: acreditam que tudo se resuma à inteligência; não é o caso. O pessoal se apressa para matricular a criança numa série incompatível com a sua idade por conta da sua capacidade inelectual, mas se esquecem que meninos de 13 anos são diferentes de meninos de 9. Se um grupo já fala em namorar, o outro ainda fala em pedir colinho para o papai.

E ainda pior, se o superdotado de 9 anos não tiver nem a maturidade emocional de 9 anos, mas de 7, 6... percebe o abismo se abrindo debaixo dos pés da criança?

A infância serve para duas coisas: aprender a cuidar de si, desenvolver autoestima, amor próprio, lidar com os próprios sentimentos, angústias, sonhos, medos; e aprender a socializar, viver em sociedade.

Uma criança superdotada talvez aprenda até sozinha. Logo, não é o foco ficar ajustando a sua vida a partir de algo que ela já tem, no mínimo, em pé de igualdade com as crianças melhor avaliadas. Mas é o caso de dar o suporte emocional para que ela desenvolva o quanto antes, as habilidades emocionais e sociais que ela deveria ter.

Aprender a aceitar o outro começa aceitando a nós mesmos, deixando que os outros nos aceitem como somos e pelo que somos sejamos interessantes. Algumas pessoas não são muito inteligentes, mas são amáveis, ou criativas, ou conseguem seguir rotinas complicadas para os demais. 

A superdotação deve ser, do ponto de vista da criança, apenas mais uma característica distinta que a define enquanto sujeito e não alguma espécie de superpoder ou maldição. A construção dessa identidade cabe aos pais e cuidadores, que devem zelar para que a criança não estampe no seu rosto a sua condição de superdotada, evitando assim muitos problemas.

A criança superdotada pode parecer agitada demais; ou quieta demais. Em ambos os casos o risco de um diagnóstico errado é enorme. Contudo, o superdotado presta muita atenção e se envolve amocionalmente de forma muito expressiva e profunda com aquilo que lhe chama a atenção.

Realizar atividades culturais com crianças superdotadas é excelente: levar ao cinema,teatro, museu, parque, exposições, feiras, shows... mostrar e ouvir com ela músicas "de adulto", como rock, pop, música erudita, jazz; assim como deixá-la ouvir, também, "música de criança", como Patati Patatá.

Deixar a criança avaliar e decidir, onde ela tiver condições de fazê-lo ajudará a desenvolver autocontrole e senso de responsabilidade. Isso pode ser ótimo.

Conversar sobre as emoções quando a criança estiver calma é ótimo, acolhê-la quando ficar nervosa ou começar a chorar sem reciminá-la, dando todo conforto e acolhimento atpe acalmar ajuda a entender que não é preciso temer as emoções. E que elas podem ser controladas.

Pode ser interessante evitar aumentar a ansiedade da criança. Por exemplo, se faltam 3 meses para uma viagem, evitar ficar falando disso todos os dias, pois tal criança já sendo mais ansiosa que o normal, rapidamente se tornará agressiva, nervosa por ansiedade. O mesmo valendo para o estresse, cujo limiar é mais baixo - ensinar a riança a respirar fundo, controlar o estresse e evitar situações estressantes também pode ser benéfico.

Justamente na infância, logo que a criança começa a falar, que os sinais de superdotação surgem. A criança pode exibir incrível capacidade de memorizar os trajetos que são utilizados e indica quando se desvia deles. É capaz de sintetizar e expandir informações (por exemplo, dissemos "o papai e a mamãe do coleguinha" e ao pedir que a criança repita ela diz "a família" do coleguinha; ou seja, entendeu que família é um agrupamento de pessoas afins). 

A criança pode ter um vocabulário muito sofisticado para a idade, capacidade de tomada de decisão, de extrapolação dos eventos. Por exemplo, ao dizer que iremos ao clube no domingo, ela já pode dizer "então vamos dormir cedo no sábado" (porque domingo precisamos acordar cedo, para ir aoa clube e ter vaga no estacionamento). 

Crianças típicas não fazem esse tipo de coisa. Se dissemos algo e pedimos que repita, ela repetirá literalmente aquilo que ouviu, pois ainda não processa a linguagem em todo o seu potencial; não possui ainda capacidade de orientação espacial e por isso nçao reconhece quando saímos do traçado de um trajeto; entende somente o momento presente, por isso não imagina que precisemos dormir cedo para acordar cedo no outro dia.

Como lidar com isso?

Tratando a criança da forma como ela nos trata, para o bem: se ela entende de trajeto, vamos conversar com ela sobre o trajeto; se fala de forma sofisticada, vamos conversar de forma sofisticada. Mas se a mesma criança pede colinho, vamos dar o colinho como se fosse um bebê, porque se por um lado ela está adiantada, frequentemente por outro estará atrasada.

Assim como abraçamos o bebê para ele crescer e não precisar mais ser abraçado o dia todo para se sentir seguro, o mesmo fazemos com crianças superdotadas que precisem desse tipo de atenção. É um ponto onde eu errei por algum tempo e muitos erram, ao considerar que a criança é uma coisa só e não um conjunto de processos que se desenvolvem em tempos diferentes.

De todo modo, a parte mais importante da infância de um superdotado é o convívio social, de modo que ele se relacione e brinque e interaja com as crianças da sua idade similarmente a elas, mesmo que tenha habilidades muito mais desenvolvidas. É acima de tudo uma criança que precisa crescer e não consegue fazê-lo, emocionalmente, sozinha, sendo necessário forte auxílio da família e da escola.

3 - Como lidar com o adolescente superdotado?

Os adolescentes são crianças em corpo de adulto. Corpo que reage aos hormônios sexuais, cria e modifica o desejo do campo do lúdico e hipotético para o campo do concreto. Faz deixar as bonecas em casa e quer namorar; deixar o carrinho de lado e aprender a dirigir; argumentar, ao invés de chorar e gritar, que precisa de mais tempo sozinha no seu quarto.

É uma criança: fantasia, idealiza e brinca. Vive amores platônicos e eróticos (fantasia); quer mudar o mundo  como quem muda a regra de uma brincadeira (idealiza); se testa sensual, assexual, muda a cor do cabelo, muda o brinco, muda a forma de falar (brinca). Testa diferentes formas de ser.

É uma fase de muitas mudanças emocionais e muito rápidas. 

Os pais e cuidadores devem ter muita atenção e se já vieram preparando o superdotado, provavelmente ele conseguirá encontrar seu lugar e acompanhar o fluxo de desenvolvimento acelerado da adolescência. Caso contrário, a lógica passa a ser a estratégia mais indicada.

Adolescentes (e crianças mais velhas) entendem o que é dito e conseguem até mesmo superar medos ao ouvirem (de quem confiam cegamente) diretivas e ideias. Logo, é um bom momento para indicar a sua condição especial e conscientizar o jovem que é preciso adaptar seu modo de ser para se tornar compatível aos demais.

Um dos artigos citados acima mostrou o efeito de uma intervenção relativamente simples, em que foi ensinado a superdotados que precisariam apertar a mão das pessoas e se apresentar. Não é preciso explicar duas vezes - já aprenderam e assim se tornam mais sociáveis. A mesma ideia pode encontrar solo fértil em muito outros comportamentos.

O adolescente superdotado pode ser um tanto tímido, talvez por não se sentir emocionalmente equiparado aos demais. Cabe ajuda da família, dando ao superdotado as condições para que se sinta bem. Por exemplo, através dos seus talentos e habilidades.

Adolescência é uma fase repleta de medos e inseguranças, que são vencidos, por exemplo, através do pertencimentoa  um grupo. O superdotado talvez não encontre lugar em grupos e se sinta isolado ou restrito a poucos amigos com os quais cria um vínculo poderoso.

Neste momento, se os seus talentos forem exibidos, ela poderá encontrar um lugar ao sol junto aos demais. Se é um músico, por exemplo, pode usar a música para se afirmar emocionalmente, entender que tem valor e fazer com que os demaiso respeitem e valorize pelo seu talento musical. O mesmo acontecendo para qualquer coisa para a qual o superdotado tenha facilidade em se destacar.


4 - Como lidar com o adulto superdotado?

Em primeiro lugar, é preciso aprender a perdoar. PErdoar aos colegas, aos professores, pais e familiares que nçao entenderam que estavam lidando com uma pessoa divergente, altamente capaz, mas sabotada por uma população de idiotas.

Faz sentido entender que não é preciso manter níveis tão altos de responsabilidade e perfeccionismo pois mesmo se estiverem "relaxados" possivelmente serão capazes de entregar resultados satisfatórios, mesmo que a princípio não pareça ser.

Mais do que nunca, é fundamental se esforçar para socializar, ser bem quisto pelos demais, interagir com todos sem receios ou inibições desnecessárias. Entender e agir a favor de uma compleição da realidade em que todos têm algo bom a oferecer.

Mesmo pessoas que possuam baixo QI podem ter coisas muito boas a oferecer, mas mais que isso, elas fazem parte do mesmo grupod e humanos que nós: são nossas amigas, colegas, vizinhos...

É importante "descer do pedestal", julgando-se superior aos demais; ou julgando seus costumes e culturas coisas grotescas quando comparadas às do superdotado. Se há superioridade, então não vai ser um mero QI baixo que irá mudar tudo, não é verdade? 

Não é preciso ter medo ou ser antipático com aqueles que não são tão inteligentes.

É preciso entender que superdotação exigirá do sujeito o consumo de cultura e obras musicais e técnicas mais complexas; que terá alergias e elevada sensibilidade em geral; que passará a vida fazendo cursos, treinamentos, workshops, lendo livros; que talvez não consiga construir uma carreira, pela dificuldade em se manter firme em rotinas excessivamente simples ou repetitivas.

É importante ter em mente que os critérios de seleção de parceiro sexual podem ser completamente diferentes para pessoas superdotadas: ao invés do critério sensualidade e corpo (regra geral), elementos como a inteligência, sensibilidade e cultura podem ser preponderantes.

O mesmo ocorrendo para carreiras, que podem ser muito menos regulares que a de uma pessoa "esforçada" (QI médio superior, sem superdotação). Enquanto a maioria das pessoas passa verdadeiros apuros para construir carreira, o superdotado pode nem se dar ao trabalo de começar uma; e ao começar, considerando-se igual, resolva construi-la como fazem os demais, o que nem sempre dá certo.

Assim, é importante ter em mente que a trajetória profissional de um superdotado pode ser totalmente diferente de uma pessoa típica, em virtude de todas as suas características. Isso quer dizer que é preciso encontrar aquilo que seja bom e ao mesmo tempo lhe forneça o suficiente para viver bem.

Superdotação é hereditária e o adulto superdotado precisa ter em mente que se tiver filhos biológicos, provavelmente algo da superdotação estará presente nos pequenos.

Caso seja muito difícil de lidar, a psicoterapia bem conduzida sempre será uma excelente escolha. Desde que tomado o devido cuidado de evitar psicólogos que não compreendam a situação de superdotação e tratem como se fosse uma doença mortal algo que às vezes é só um ponto de vista diferente sobre a realidade. É mais simples do que parece.

Acho que falei demais.

Friday, November 17, 2023

O dia em que Deus virá à Terra.

Poucas pessoas pensaram claramente sobre o que Deus fará quando vier à Terra.

Ele abençoará um monte de gente e irá embora; é isso que acontecerá.

Talvez alguns sortudos consigam trocar uma palavrinha com Ele, mas será algo rápido.

Deus abençoará, nesta ordem: pessoas que cuidam com muioto carinho das crianças, sejam quais forem elas; pessoas que instruem as crianças com amor e carinho, cujo objetivo é que essas crianças cresçam e sejam muito felizes; pessoas que desenvolvem métodos, aulas, produtos e pesquisas que ajudem as crianças a se desenvolverem, ou aos seus cuidadores cuidarem delas melhor.

E pronto: já abençoou o suficiente, provavelmente iria embora depois disso.

Obviamente Deus não precisa abençoar as crianças porque as crianças são Deus em pessoa. 

À medida em que as crianças crescem, o mundo vai convencendo-as a não serem divinas: a agirem por mal, sabotar, mentir, usar os outros, agredir, ser preconceituoso, mesquinho, egoísta etc. Assim, Deus vai se afastando daqueles pequenos seres e se tornando uma abstração, sendo que era, a princípio, algo bem concreto - era aqueles que mais tarde vão ficar imaginando como seria se Deus existisse.

Em outras épocas, o Deus que eu conheço melhor, talvez amaldiçoasse aqueles que estão agindo em contrariedade ao progresso das crianças, como aquele pessoal que está bombardeando hospitais e casas na faixa de Gaza, matando crianças de montão. Seriam muito amaldiçoados, a meu ver.

Mas o Grande Deus está mudado desde 24/6/1956. Ele se tornou um cultivador de flores, cuida junto da sua Esposa-Deusa de jardins imensos e maravilhosos. Para ele, importa mais a flor que brota do que o mato ou erva daninha que surge.

Em outras palavras, se Ele se debruçasse sobre os malditos, os faria vítimas, dando-lhes nova oportunidade de reencarnarem e continuarem cometendo maldades. Mas se, por outro lado, ele abençoa aqueles que os malditos agridem (no caso, as crianças e seus cuidadores), está fazendo dos malditos ainda piores à luz do karma, assegurando sua eliminação post-mortem.

Indo ainda mais longe, aqueles que auxiliam e apoiam os crimes contra as crianças, que os aplaudem, que acham justificado, que de alguma forma não estão horrorizados e tristes com o massacre de civis e crianças, estão igualmente implicados no karma e serão agraciados com a mesma desgraça - impossibilidade de reencarnação.

Nada imaginável é sequer equivalente a perder a chance de reencarnar. Não existe nada, em absoluto, mais terrível, assustador e doloroso do que isso. Nada, literalmente.

Então, o que faz esse Deus? Fica abençoando aqueles que cuidam das crianças, ficam desenvolvendo aulas e produtos que ajudem as crianças a crescerem etc. Fica estendo-se as crianças, depositando algo de si em todas elas, sofrendo, também, todas as agressões que elas têm sofrido.

Ou seja, ao atacarem as crianças, estão atacando, também, um Deus que nada fez para ser atacado. Ele sofre, mas ao mesmo tempo entende que se ocorrer alguma tragédia global, como um holocausto nuclear, ou terremoto, muitos malditos seriam feitos vítimas. Ao cometerem tantos crimes, se enforcam com a própria corda e no longo prazo, terão sido erradicados da Terra para todo o sempre.

Atualmente este plano está mais óbvio, mas já estava em curso há muito tempo.

Suspeito que um dos motivos de os Estados Unidos ter sido devastado espiritualmente foi exatamente por este motivo: iniciar essa segregação de humanidades e erradicar em definitivo a umanidade dessa gente torta e maligna.

Assim, deixando que os colonos britânicos cometessem covardias com os nativos americanos, fundando um país na guerra e maldade. Mais tarde deixando que Blavatsky fosse mortalmente ferida, sendo substituída por uma outra, que não conseguiu firmar o pé da espiritualidade nos EUA. 

Mais tarde através de Hitler, que ao declarar guerra aos EUA forçou o crescimento da indústria bélica estadunidense, fazendo dela o ponto central da sua economia e dívidas; não impedindo os testes nucleares no Novo México, inviabilizando qualqauer iniciativa espiritual por lá.

E deixando um caminho aberto e livre para o Brasil. Poupou o Brasil de inúmeras tragédias, guerras, conflitos, pandemias... ainda que algumas delas nos tenham atingido, mas em comparação com o oresto do mundo, foi pouco.

Há quem veja graça nos EUA, apesr de, assim como ocorre a todos os lugares, existirem coisas boas por lá. Existem bons elementos culturais, boas pesquisas científicas, mas em geral, não é um lugar bom. Passa muito longe de ser bom, apesar de ter boas coisas e talvez boas pessoas.

No caso de uma tragédia global, essa boas coisas seriam destruídas por causa das más. Deus abomina esse desperdício. Por isso eu creio esteja agindo como eu expliquei: abençoando aqueles que cuidam das crianças e se fazendo sentir em cada criança.

O ilustre Prof. Henrique José de Souza fala sobre o transbordo dos valores que deveriam eclodir nos EUA para o Brasil. Está correto: deveriam eclodir, mas não eclodiram.

Vieram para o Brasil e aqui estão se desenvolvendo normalmente.

Antes que perguntem "mas como pode existir coisas tão boas no Brasil, se o país está um caos"?

São coisas distintas, mas entrelaçadas.

O caos brasileiro é devido aos brasileiros. Logo, compete a eles desfazer essa bagunça. Deus não irá tomar partido nesse aspecto.

Mas os valores brasileiros permanecem intactos e se fortalecendo, como aquele maravilhoso costume de naturalizar estrangeiros. Ou seja, enquanto nos EUa um italiano sempre será considerado forasteiro, no Brasil basta conviver um pouco conosco que já será considerado brasileiro e tratado como se tivesse nascido aqui. Pode continuar falando com sotaque estramngeiro a vida toda, vamos continuar achando ótimo e felizes de ter alguém de tão longe conosco.

Nunca existiu no mundo algo tão maravilhoso quanto isso. Não existe maior forma de tolerância, aceitação e humanidade do que tornar todos semelhantes, mas com suas características próprias sendo respeitadas.

Por isso Israel semeia a discórdia mundo afora, junto dos EUA, através de ONGs e empresas que manipulam tudo para fomentar brigas, separação, discórdia, guerras, polarização política, divergências severas, conflitos, golpes etc.

Por isso as pessoas afgricanas e da América Central têm sido recebidos com hostilidade por grupos de extrema direita. Para fazer jus ao que os sionistas despejam no mundo. Mas ainda assim estão se mesclando à população, sendo tratados bem... 

Mas talvez esse pessoal maligno já tenha queimado a mão sem se darem conta.

Às vezes a ignorância é uma bênçao: tenho receio do que fariam se soubessem o que os espera.