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Tuesday, January 16, 2024

Até postei no Face... pt2



 Eu não sou cristão, mas tenho o Mestre Jesus em grande consideração.

Não lembro de tê-lo acompanhado em sua missão, mas se tivesse estado por lá gostaria de ser alguém da sua confiança. Alguém que toma por exemplo as passagens da sua vida e seus ensinamentos.

Quando se começa num trabalho regular aos 44 anos (meu caso), após ter fracassado a vida inteira, é inevitável ser julgado e sofrer algum tipo de sentenciamento moral.

Algo do tipo "você estava sendo mantido pela sua família? Tipo um vagabundo etc"

Eu falo pouco sobre mim no trabalho. Só os chefes do RH sabem que sou doutorando e ano passado organizei 4 coletâneas de artigos científicos sobre educação, por exemplo. Fico quieto porque assim serei menos julgado e menos invejado.

Essa é a parte mais estranha.

É impressionante o quanto de inveja se reúne ao me conhecerem. Desde criança tem sido assim. Nunca entendi isso. Eu não sou uma pessoa exibida, ao contrário, somente aqui no FB e no meu blog que dá pra ter um breve vislumbre impreciso (de propósito) sobre o que eu já fiz e como penso.

Acho que num país de ignorantes, a pessoa ter doutorado ou mestrado acaba fazendo com que os outros se sintam menores, ou acuados (inveja). Não é uma coisa racional, mas seria muito otimismo esperar algo racional de um povo com QI 83.

Talvez porque os médicos, advogados e outros que se intitulam doutores e mestres tenham criado um padrão de comportamento tal que no ideário do povo grosso se torna um lugar de desejo: o chibateiro,  capitão do mato etc. Não é o meu caso.

Então fico quieto, desviando qualquer conversa sobre mim e se for impossível, recebendo o julgamento esperado. Assim, fico falando um monte de coisas idiotas aleatórias para despistar e me deixar de fora da lista de assuntos.

Mas muitas vezes o julgamento volta e me lembro de Jesus.

O Mestre foi preso, chibatado, escarrado, crucificado e assinado sob escárnio. Mesmo convertendo a sua pena para uma criatura da minha estatura espiritual, ainda seria algo muito mais terrível do que os olhares e conversas fiadas que percebo.

Se meu Mestre aguentou, eu também aguento.

Afinal de contas, é o preço de perseguir sonhos e matar fantasmas, ao invés de ficar empurrando com a barriga fingindo que não era comigo. Saiu meio caro, mas ok.

Eu começar num trabalho regular aos 44 sem ter nada muito relevante para contar não é motivo para me demitirem do serviço público. Então só preciso ficar tranquilo e daqui a pouco eles me erram.

É como um submarino da grande guerra perseguido por destróier com carga de profundidade. Se desviar direitinho e der sorte, o destróier vai embora e fica tudo ok. Até descobrirem que o submarino está ali firme e forte cheio de torpedo... Aí começa tudo de novo.

Eu chego cedo aqui no trabalho e esses dias venho no ônibus fretado. Me faz lembrar 1989, quando eu tinha 9 anos e meio e fui pegar o ônibus especial na esquina de casa pela primeira vez com meu irmão. 06:20h era o horário combinado. Eu cheguei às 06:10 e o ônibus às 06:30!

Aí agora pego o fretado e fico lembrando disso. E pensando em Jesus e as cargas de profundidade. 

Coisas estranhas da mente estranha do seu amigo Ari.


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