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Thursday, July 11, 2024

O invisível aos olhos é sensível ao coração (e vice-versa)

 


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O quanto uma pessoa é verdadeiramente espiritualizada pode ser inferido a partir da sua relação com o meio ao seu redor, em especial considerando questões espirituais, como variações na expressão da bondade, maldade, sensibilidade, inteligência, empatia etc.

Tudo aquilo que transcende o indivíduo pode ser considerado, de certo modo, espiritual.

Um grupo de pessoas relacionadas entre si, por exemplo, expressa maior espiritualidade do que uma pessoa em separado. A mente é coletiva, sendo, portanto, o individualismo uma ilusão.

Mesmo entre pessoas que vivem isoladas em meio à natureza, ninguém está de fato sozinho; os famosos ascetas (ou Munis) das tradições orientais, pessoas de inacreditáel desenvolvimento intelectual, emocional, espiritual que viviam isolados em cavernas e florestas nunca estiveram, de fato, isolados.

A mente é coletiva e portanto eles sentiam-se ligados a todas as pessoas da Terra; e até mesmo aos animais, plantas e tudo mais ao seu redor. Estavam integrados ao passado, presente e futuro; ao calor, ao frio, a todos os ciclos naturais e até certo modo capazes de sentir, em seu próprio corpo e mente os movimentos dos planetas, cometas e outros corpos celetes como sentimos o ar fluindo através da nossa traquéia indo e vindo dos pulmões.

Um grupo de pessoas não é espiritual por causa daquilo que as pessoas do grupo conversarm ou fazem; ao contrário, elas conversam e fazem aquilo que a mente coletiva lhes faculta fazer e dizer.

A mente coletiva tem um ritmo próprio, uma vida própria imposto aos sujeitos.

Se por algum fenômeno atmosférico a quantidade de oxigêncio caísse para 1/100 do valor atual, é provável que todos nós e a maioria das formas vivas moerram, como aconteceu quando o oxigênio substituiu o enxofre, nitrogênio e outros compostos que constituiam a atmosfera primitiva da Terra.

Isto é, uma imposição nem sempre se trata de uma ordem ou convenção humana. Aliás, aquilo que os humanos combinam entre si é o que de mais fraco existe na ordenação universal das imposições.

Uma estrela impõe que os planetas a orbitem, queiram eles ou não. E em virtude da sua massa e da massa dos planetas (o seu "jeito de ser planetário", por assim dizer), o planeta seguirá órbitas bastante erspecíficas às quais não caberá, de sua parte, recurso impetrado em contrário. A estrela é soberana.

Se nesse planeta existe um grupo de pessoas que duvida da existência do sol, que tenham sorte em sua vida. A estrela continuará ordenando as órbitas dos planetas e lhes ditando o destino, incluindo aqueles sobre a superfície do qual conspiravam, vaidosos, contra a estrela que lhes deu a vida.

E do ponto de vista da estrela, tanto faz se gostam dela, ou não; se acreditam nela, ou não; se algo teriam a dizer a ela, ou não. Ela seguirá soberana impondo a todos as consequências de suas emanações e de sua gravidade.

Pouco importa, à estrela, se as pessoas se machucam sobre a Terra; se constroem casas ou carros; se brigam, mentem, traem ou enganam umas as outras; se são felizes; se têm algo a comemorar... isso não importa para a estrela, cuja consciência poderia estar associada à sua gravidade e calor, ou como os antigos diriam, Fohat (gravidade) e Kundalini (calor).

A própria consciência da estrela é quem faz possível a mistura de Fohat e Kundalini, ou seja, a "verdadeira" estrela não é a que vemos no céu, mas uma outra existente à luz das consciências, como se num plano que permeia o nosso sem nele tocá-lo.

Uma vez que tal plano ou realidade é composta por energias, ciclos ou até mesmo partículas que não interagem com os prótons, neutrons e elétrons que nos constituem, é natural que seja-nos completamente invisível. Só é possível ver uma estrela porque a sua luz interage com o material do sensor, seja o vidro ou mesmo o olho humano.

Se a luz da estrela atravessasse diretamente a matéria, sem interagir com ela, seria impossível supor a sua existência a partir do plano sensível (dos sentidos). Tudo pareceria escuro e inerte, como ocorre ao olharmos para o espaço interplanetário.

Existem situações em que estes universos se encontram, o que só poderia ocorrer à luz dos processos quânticos. Isso porque se nossa constituição é probabilística ou determinística, os processos quânticos, como a trajetória dos elétrons ao redor do núcleo do átomo são estocásticos, isto é, não podem ser determinados a priori, como são as órbitas de planetas.

Indo ainda mais, poderíamos supor que talvez exista uma realidade em que as possibilidades não-realizadas entrelacem-se formando algo caótico e não-reagente com aquilo que se concretizou, como sendo um tipo de vir-a-ser. 

Os antigos, religiosos e absolutistas como eram, deram a tais coisas os nomes de "Tronos". 

Trono é onde o regente se senta e de lá determina suas imposições, sejam elas boas ou más - sempre absolutas.

O nosso Trono é o chamado Terceiro Trono. Além dele existiria o chamado Segundo Trono e acima deste o Primeiro Trono. Além do Primeiro Trono, nos ensinam os antigos, é impossível determinar devido às nossas limitações de percepção. 

O nosso universo todos conhecemos bem (assim espero) - apenas uma possibilidade concretiza-se por vez. Se jogamos uma boa para o alto, ela cairá somente em um ponto da superfície. Podemo (ou não) determinar, antes de lançar a boa ao alto, onde cairá, mas é certo que ela não cairá em dez lugares simultaneamente.

No chamado Segundo Trono, a bola poderia (ou não) cair. Isso quer dizer, a relação direta entre evento-consequência não está mais tão rigidamente estabelecida, tendo como consequência, o surgimento de um tipo de mente coletiva ou consciência coletiva.

Não existem bolas no Segundo Trono, pois que a existência de bola subentende uma infinidade de relações evento-consequência. Por exemplo, a bola é formada por moléculas, que são formadas por átomos. Ainda que a posição do elétron não seja determinada antes da sua efetiva medição, o átomo é menos estocástico que o elétron.

O átomo possui afinidade eletrônica, isto é, se liga a alguns átomos e a outros, não.

Ainda assim, por exemplo, muitas coisas possuem átomos de carbono e ainda que seja o mesmo tipo de átomo, as diferentes possibilidades de configuração molecular levam a diferentes objetos e materiais.

Mas à medida em que átomos se reuniram em moléculas para formar couro de animal e este forjou uma bola, é razoável assumir que muitos processos determinísticos foram levados a efeito - os átomos da bola não estão desintegrando; nem as moléculas, nem mesmo as órbitas dos elétrons.

Logo, aquilo existente no chamado Segundo Trono não pode ser algo material nos termos em que concebemos as coisas materiais.

A consciência, por sua vez, é um ente típico do Segundo Trono. À consciência, por dfefinição, não cabe o seguimento de um traçado pré-determinado. Ou seja, a noção de livre-arbítrio é a própria noção de consciência.

Ilustrando de forma "boba" (fácil de entender, analogicamente): se uma criatura possui conscinência, significa dizer que toma decisões. Alguém que nada decide, seguindo cegamente um caminho sem que sequer se dê conta de que adentrou num determinado caminho e não em outro não pode ser considerado consciente.

A consciência subentende a multiplicidade de realizações possíveis. Por exemplo (de volta a um exemplo bobo): se escolhemos tomar sorvete, ao invés de comer churrasco ou andar de moto, estamos considerando algumas possibildiades (tomar sorvete, andar de moto, comer churrasco, no caso). Não são, a rigor, mutuamente excludentes, mas vamos supor que só pudessemos realizar uma de tais coisas por vez. 

Logo, haveria uma escolha que evidentemente traria consequências diferentes das outras. A consciência não está na seleção ou decisão, mas na percepção de diferentes caminhos e possibilidades.

Ou seja, se a mente é coletiva, tal mente coletiva pode ser denominada consciência, em que cada indivíduo acaba por ser uma particularização (ou decisão) de uma consciência diante de diferentes caminhos  a seguir.

A limitação geográfica e cronológica pode nos impedir de andar de moto e de avião ao mesmo tempo, tendo que escolher qual andaremos primeiro e onde andaremos. Mas à luz de um "vir-a-ser" indiferenciado, tais possibilidades apresentar-se-iam como concorrentes, isto é, presentes simultaneamente, variando em gradação, intensidade mas coexistindo.

Logo, uma criatura viva à luz do Segundo Trono não perceberia a passagem do tempo e nem a separação geográfica; em nossa perspectiva, seria algo como onipresente justamente por não estar limitado (como estamos) ao tempo e ao espaço. Tal criatura decidiria a partir de diferentes critérios se comparados aos nossos, justamente por estarmos limitados pelo tempo e pelo espaço.

Assunto interessante. Já temos acima muito o que refletir a respeito - deve bastar. 


PS - meus sinceros agradecimentos ao Mestre do V Sistema de Evolução que me dissuadiu, da forma elegante como de costume, de redigir o texto que pretendia, no lugar deste. Muito obrigado, Mestre.


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