Pergunta interessante, que nunca me foi feita.
Acho que por ter tão poucos amigos; ou por não ser uma pessoa interessante, poucas vezes eu precise falar algo a meu respeito.
Eu fico triste em ter poucos amigos. Em quase todo lugar que eu chego e passo a frequentar um pouquinho já faço um monte de amizades, rapidamente ficam meus amigos.
Mas por motivos que eu prefiro não expor, isso não progride.
Acho que de certo modo já falei sobre isso em alguma outra postagem, mas quem sabe agora, aos 45 anos de idade (em 25/5/24) isso possa mudar e eu possa, de fato, ter amigos e amigas.
Este é um processo complexo e muito aguardado - eu precisei esperar até essa idade para que ele tivesse início. Numa outra ocasião eu explico isso direito.
Por ora, como eu disse, sou apenas uma criança de 9-10 anos com aparência de 35 e quase 45 de idade cronológica.
A partir de agora, os anos passarão e eu conseguirei atrair e manter amigos e amigas. Finalmente.
Voltando à pergunta de hoje - com o que eu sonho?
Quando eu era criança (até por volta dos 8-9 anos de idade), eu queria ser motorista de ônibus (da linha 2214 A: Floramar-Centro de BH, atual linha 719).
Motorista é quem dirige (coordena, orienta, lidera etc) e somente agora muitas coisas estão ficando óbvias para mim. Se eu não tivesse esperado todos estes longos 36 anos, provavelmente eu não conseguiria entender nem 1/3 do que eu entendo hoje e isso seria complicado. Muito desanimador e confuso.
Acho que meu grande sonho é ser importante para alguém.
Ser uma pessoa relevante para alguém.
Ser pai envolve muito disso, mas biológica e psicologicamente as crianças não têm outra opção a não ser me considerarem importante e relevante por ser seu pai.
A minha história é assim: eu deixando as coisas seguirem, raramente interferindo no que vejo ocorrer, muito raramente tomando partido, atitude ou posição na vida.
A minha história é assim: sou considerado inferior, desnecessário, um fardo pesado a carregar, um erro, preguiçoso, irresponsável, alienado, folgado, mimado etc.
A minha história é assim: nada do que digo importa, não tenho relevância alguma, só falo bobagens, besteiras e idiotices.
A minha hsitória é assim: metade das pessoas riem de mim, a outra metade acha que eu sou idiota ou doido ou inútil e a maior parte não vê relevância alguma em mim.
A minha história é assim: as pessoas me olham ou com medo, ou com desprezo; de certo modo me tratam como um fracassado, alguém que deu errado.
Mesmo na minha família é assim.
Mesmo entre pessoas bem próximas é assim.
Basta me conhecer um pouco, estar presente bem de perto, regularmente, para ser adotada alguma das atitudes acima. É tão somente questão de tempo, ainda não foi registrada exceção à regra.
Acho que o meu sonho era ser algum tipo de líder ou coordenador de algo que tivesse alguma relevância.
Alguém que dirige.
É engraçado que desde criança, nos meus sonhos não vejo coisas assim.
Quando eu era bem pequeno sonhava que era tripulante de naves (discos voadores) que destruíam monstros que estavam a assolar a cidade e as pessoas. Meu pai chegou a gravar uma vez que descrevi em detalhes o interior dessas naves - rindo e achando graça como se pode ouvir na gravação.
Ou seja, mesmo sendo meu pai, estava classificado adequadamente em alguma das categorias que mencionei acima.
Quando eu era criança sonhava que todos os dias ficava conversando por horas com o Professor Henrique José de Souza e ele me ensinava muitas coisas importantes. Ao conversar com ele, eu não era mais criança, mas um adulto mais ou menos como eu sou hoje em dia.
Adulto em corpo de criança?
Deus me livre - prefiro ser criança em corpo de adulto. É mais divertido.
Mais recentemente (uns 5 anos atrás) tive sonhos muito curiosos envolvendo pessoas dos Mundos Interiores, especificamente ligadas ao chamado Dragão Azul, que me tratavam com uma reverência constrangedora. Era como se eu fosse importante por lá.
Mas como seria possível ter relevância num lugar tão evoluído e ser diaria e sistematicamente rechaçado pelos "grosseiros" da face da Terra?
A única explicação cabível é assumindo que nos Mundos Interiores vigora uma forma de pensamento radicalmente diferente daquela que é praticada à luz da face da Terra. Isso quer dizer que por lá as regras de convívio social, cultura, linguagem e tudo mais é tão drasticamente diferente daqui que de nada adiantaria ter todos os diplomas e conhecer todos os países do mundo - ainda faltaria ter os diplomas de lá e conhecer os lugares e pessoas de lá.
A outra explicação cabível foi a que me levou a 5 minutos de tirar a própria vida, em 1994, mesmo ano em que comecei a tocar bateria.
Ela diz que eu não tenho relevância porque sou pior que os piores. É o que as atitudes das pessoas mostram - acenando e celebrando pessoas mesquinhas, egoístas, individualistas e me tratando muito mal, de forma recorrente, por mais homenagens que eu lhes preste, por mais gentil que seja minha forma de lidar com elas. Dizendo que eu sou um fracassado "porque não quero ser como todo mundo é".
Realmente, não faço questão de ser egoísta, mesquinho, individualista, ganancioso, ambicioso, bem sucedido, proativo ou qualquer outra baboseira que os livros de autoajuda e os manuais de recursos humanos preconizem como sendo "características desejáveis". Definitivamente não serei esse tipo de pessoa.
Como ex suicida, a última coisa que me assombra é a morte, seja ela qual for: em acidente, em dor extrema, na penúria da pobreza, repentina ou anunciada. A morte não me assusta nem um pouco e muito menos o que virá depois dela.
Tendo em vista as coisas que já passei, as humilhações por tentar ser uma pessoa boa, por demonstrar carinho, por dizer que amava alguém em público, por tentar ser amigo, por fazer questão de ajudar, por não conseguir nem agir em meio a tanta dor e tristeza, por ser um tanto distraído, muitas vezes... nem o pior dos infernos de Dante seria novidade. Seria, no máximo, um upgrade do que eu já conheço bem.
Diferente do que acontece "com todo mundo", essas marcas e agressões não fizeram cicatriz e "me ensinaram a viver e se dar valor". Cada ataque até hoje dói tanto quanto doeu o primeiro, não importando quantas vezes eu seja atacado. Sempre dói, sempre machuca da mesma forma.
Simples cobranças de um emprego ou da vida cotidiana, se feitas com algum grau de maldade, rispidez ou grosseria me machucam muito. Mas eu aprendi a não deixar a dor me abater, desde pequeno, a nunca demonstrar que dói, mesmo doendo tanto a ponto de eu não coneguir nem mesmo pensar ou falar - e ser, por isso, considerado omisso, irresponsável etc.
Eu aprendi a viver com dores fortes, com um desânimo constante, sentindo o pior dos fracassados, entrando de cabeça baixa em qualquer lugar que seja, mesmo dentro da minha própria casa.
Por mais estranho que possa parecer, isso não muda meus sonhos.
Por lá eu continuo relevante, ao menos para as ilusões que os somhos criam.
De tempos em tempos eu tenho me visto novamente às voltas com o Professor Henrique José de Souza e outros Mestres muito evoluídos, que me tratam com um carinho e reverência muito estranhos, para dizer o mínimo. Que graça essa gente vê em mim, tendo ao seu redor tantos Adeptos, Santos, Anjos Deuses e outros seres Iluminados?
Curiosamente, das poucas certezas que me restam, posso assegurar que o contato com tais Mestres é verdadeiro. Ocorre à luz do plano astral, mas não são ilusões - de fato é o Mestre JHS e outros.
Certa vez me vi no meio de um monte de comandantes, todos vestíamos a roupa azul escuro, parecida com a da Marinha. Vestíamos colares de distinção espiritual por termos realizados feitos muito importantes para a chamada Obra do Eterno.
E eu era, também, um desses comandantes e tratado por todos os outros como um velho amigo: empolgados por me encontrarem novamente - diziam que eu estava sumido.
Ironicamente, uma pessoa da minha família é um dos meus antigos discípulos, de uma encarnação bem antiga, que há milênios atrás se tornou um ser iluminado me acompanhando pra cima e pra baixo entre os desertos, neve, sol escaldante e mendicância típicas do adeptado. Fez questão de vir para perto de mim nascendo bem próximo, vindo das profundezas das profundezas dos Mundos Interiores, de um lugar em que nem é preciso mais reencarnar, por assim dizer e dar algum vislumbre do grau de desenvolvimento daquele lugar. Trocou uma vida eterna por algumas décadas perto de mim.
Veio me ajudar, diz a pessoa. Ajudar a que?
Eu preciso de ajuda? Para realizar exatamente o que? Não estou ao par do assunto.
Vê como as pessoas dos Mundos Interiores pensam diferente da gente aqui na face da Terra?
Acho que eu faria o mesmo e talvez isso explique o fato de eu ter nascido aqui. Talvez tenha vindo ajudar em algo que eu não sei exatamente o que seria, nem o que fazer, mas que precisaria me preparar por muitos anos (36, talvez?) para que na hora que acontecesse eu tivesse a reação exata.
Típico de quem não tem mesmo nada a perder.
Talvez por isso a naturalidade com que enfrento a morte e até mesmo o suicídio - por saber que neste mundo não há mais o que aprender e portanto, não faz sentido ser apegado a nada. Nem mesmo ao nome, origem, missão, destino, nada.
É como acertar de olhos fechados sem ser por pura sorte.
Quem sabe algum dia eu seja importante para alguém que não tenha nascido vinculado a mim?
Quem sabe algum dia eu seja coordenador de algo relevante para o mundo que tanto me rechaça? Seria divertido, não por revanchismo, mas por ter a oportundiade de fazer algo que ajude.
Eu gosto muito de ajudar.
E fico tristíssimo quando não posso ou não consigo ajudar, seja quem for.
PS - e continuo me melhorando para se um dia eu seja escalado para alguma função de liderança, ser um bom comandante. Nos três meses tétricos que passei no IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária), trabalhando na Assessoria de Comunicação Social, que é pior do que sofrer um acidente de moto por dia, fiz muitos amigos.
No meu último dia até vieram falar comigo, queriam fazer despedida, almoço comigo etc.
Antes de eu avisar que sairia, uma colega disse "você é a pessoa mais animada que existe aqui - você deixa a gente muito animado e entusiasmado nesse trabalho".
Como psicólogo, não existe chance de eu negar que se trata de uma característica fortíssima e raríssima dos líderes - se responsabilizar não apenas pelo resultado, mas pelo bem estar de todos os evolvidos no projeto/trabalho.
Fiquei feliz - sinal de que mesmo sem ter amigos para treinar, somente imaginando situações e me refinando vendo variados vídeos e postagens em redes sociais sobre os mais diferentes assuntos estou progredindo. A ponto de pessoas que têm amigos, são importantes para alguém e tem motivos para sorrir dizerem "quando você chega, todo mundo fica empolgado"; "você nos inspira", disse um outro.
E isso sendo o mesmo rebelde de sempre, descontraído, tentando divertir e empolgar as pessoas.
Vamos ver se algum dia eu serei recrutado para algo que exija essas características. Eu acho que não.
Mas, ao menos para manter os bons sonhos, continuarei treinando. Ao menos uma vez por dia terei a impressão que fiz a diferença na vida de alguém.
Melhor que nada.
Em 2004...
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