Ultimamente tenho pensado muito na minha morte. Já até pensei como será o meu caixão e velório, dei uma olhada nos custos - espero deixar tudo pago e acertado antes de morrer, mas não faço ideia de quando isso ocorrerá.
Talvez eu esteja preparando um réquiem e não tenha noção exata disso. Talvez eu tenha conseguido, por algum motivo milagroso, me desvencilhar do ciclo de encarnações da face da Terra e portanto, passei ao "mundos dos mortos" (Duat, em egípcio antigo).
A segunda premissa parece mais correta, mas eu honestamente não sei dizer se é o caso.
Pode ser que em breve assumirei outro cargo público e dele não devo me desvencilhar, até aposentar (quem sabe deopis tentar um outro cargo público, mas igualmente distante da música, ciência e coisas que eu gosto e têm a ver comigo). Vai ver isso será como uma morte, para mim.
Ou talvez tenha atingido um grau de desenvolvimento em que a existência deixa de ser importante. Abre-se mão facilmente de qualquer coisa, até mesmo da consciência, da vida, dos conhecimentos, da Obra, de tudo.
Se o meu destino for reencarnar como um leigo em espiritualidade, numa família de pessoas legais mas sem nenhuma capacidade espiritual... parece muito interessante. Se for esquecer tudo que sei.. parece empolgante. Quem sabe eu vire filho de um agricultor e fique a vida toda plantando soja sem nem sonhar com o que estou escrevendo agora?
Mas se for ser confinado no cone da lua para sentir o sofrimento eterno, também está muito bem ajustado e bom. Deve ser uma experiência bem diferente, também. Dar-se em holocausto acaba sendo isso - se deixar levar.
Se o destino é ser revivido nos Mundos Interiores, pode ser bom também, acredito que tenha muitos amigos por lá. Mas se não tiver, com certeza farei muitos amigos e amigas bons por lá.
Quando nem mesmo a morte em defintiivo, a dissolução da consciência se torna algo corriqueiro, o mundo perde força de argumentação de uma forma impressionante.
"Você será demitido do trabalho, Ariomester, se não entregar os trabalhos no prazo". Ótimo, morrerei em pobreza então. Meus últimos momentos serão na calçada passando frio, sujo e doente. Trágico, mas é o que temos para hoje.
"Você será um subsecretário de Estado, renomado e admirado". Ok, se me deixarem manter meu cabelo grande e tocando minha bateria em casa, já está bem pago - façam todo o resto como julgarem melhor.
Outro dia eu escrevi um texto interessante "Com o que você sonha, Ariomester?"
Isso porque "com o que você deseja?" tem a seguinte resposta: nada. Não desejo nada - nem sucesso, nem sorte, nem vida, nem morte.
Nós, pessoas muito antigas na chamada Obra do Eterno passamos por muitas coisas curiosas em encarnações passadas; e de forma tão repetitiva que até hoje trazemos isso implicitamente.
Os rituais TCHEND são um exemplo. Bem descritos no livro "O Tibet e a Teosofia", escrito pelo grande Mario Roso de Luna, em parceria ao Prof. Henrique José de Souza, trazem estas informações. O TCHEND é um ritual transcendental em que o discípulo fica por semanas andando por cemitérios e lugares repletos de obsessores e seres inferiorres e malignos, deixando que se prendam a ele.
A seguir, dorme fisicamente, despertando no astral como vítima desses demônios, oferecendo-se em sacrifício para eles. Dois resultados acontecem: a pessoa surta e se torna um doido varrido; ou se torna tão segura de si que poucas coisas a abalam.
Esses dias uma amiga escreveu num grupo dedicado a estudiosos da obra do Prof. Henrique José de Souza:
"Temos a idéia de que nossas sombras são "ruins", mas só existe evolução quando olhamos pra elas, penso eu (nossas sombras). Não acredito que se iluminar seja algo, confortável, tranquilo kkkkkkkkkkkkk pelo contrário."
Ai que está o equívoco.
Quanto mais iluminada é a criatura mais feliz ela se torna, mas ao mesmo tempo mais sensível. Uma coisa inexiste sem a outra: ninguém grosseiro é feliz e ninguém feliz é grosseiro. Os grosseiros são como a cobra que come um bezerro e fica tão inchada que nem consegue sair do lugar, com a barriga cheia e um monte de hormônios fazendo ela parar de comer, sentindo bem etc porque senão ela vai morrer de comer.
Mais ou menos a mesma ideia se aplica ao conceito de "felicidade" que utilizamos cotidianamente.
Pessoas cercadas or dinheiro, prestígio e outras coisas fáceis de destruir e destituir, sentindo-se seguras porque os hormônios sociais (vaidade, por exemplo) estão fazendo com que a pessoa deixe de procurar algo que a desafie a ser alguém melhor; algo que a afaste das suas crenças para abraçar uma outra que sintetiza e dela todas as outras derivam: o ser humano é coletivo e não individual.
Chega um ponto engraçado em que se começa a entender o que as plantas e animais querem dizer. É muito estranho porque eles não têm voz, não organizam palavras como fazemos, mas é possível entende-los como se fosse uma criança bem pequena.
Isso não vem sem uma percepção semelhante das pessoas e suas atitudes. E isso muitas vezes machuca a pessoa evoluída profundamente, dói, incomoda, porque a sensibilidade aumentada faz qualquer arranhão parecer uma amputação. Tudo machuca, tudo dói, tudo incomoda e irrita.
Mas curiosamente existe um estado de felicidade contínuo que permanece mesmo com a dor.
Se uma pessoa querida briga conosco, morre ou vai embora, é um choque muito mais forte do que para qualquer outra pessoa, por causa da sensibilidade aumentada. Mas meio que do nada volta uma sensação de tranquilidade muito grande.
Diferente da tranquilidade a partir de conqusitas materiais (ter dinheiro, por exemplo), é uma tranquilidade em mesmo abandonar o mundo, o corpo e ir embora se for preciso, sem pensar duas vezes. Ao invés de ter medo da morte, passamos a ter um pensamento constante sobre a morte, como algo que um dia ocorrerá, mas seguiremos existindo, mesmo assim.
É uma tranquilidade que literalmente faz a pessoa não se importar se está viva ou não, se tem um corpo físico ou não, se tem dinheiro ou não. Essa sensação não tem nada a ver com as noções usuais de felicidade.
Isso torna o sujeito incompatível com o mundo, de modo geral, pois inviabiliza atitudes típicas: desejar coisas, almejar fortunas, prestígio e amores; se mostrar mais forte, resoluto e bonito que os outros. Ter uma atitude impositiva e tempestiva por ser alguém "melhor".
Nada disso - se parece correto ou adequado se humilhar, a pessoa evoluída se humilhará antecipando até a humilhação que outros lhe infringiriam; se não há necessidade de liderar, não irá tomar para si esse fardo. Se não é preciso ensinar, não ficará ensinando aos quatro ventos.
Com enorme frequência serão consideradas pessoas desligadas, passivas, bobas, sem iniciativa, que desdenham dos demais, que não valorizam aquilo que todos valorizam (isso é verdade - o mundo individual passa a ser tão rico e inevitável, que faz o resto desmoronar).
Se, em geral, as pessoas temem perder dinheiro, prestígio e a saúde, para quem já está um pouco adiantado nesta senda tudo isso poderia ser levado embora, mesmo a consciência e noção do "eu"; mesmo tudo que se aprendeu, tudo que se conquistou.
Exatamente por isso que tais pessoas, via de regra, são preservadas após a morte, nos Mundos Interiores, tanto acordadas quanto adormecidas no chamado "sono paranishpâmico".
Tornar-se mais sensível não é um caminho, mas um efeito do aprimoramento espiritual. Isso faz com que sintamos de forma aumentada tudo que os outros sentem: se há uma mensagem emocionante, ou cena bonita, em que as pessoas "comuns" choram, nós choraremos ainda mais que elas, pela beleza da cena ou emoção da mensagem.
Isso é diferente dos "ioguis", que munidos de uma suposta racionalidade se furtam a sentir aquilo que as pessoas comuns sentem. Se esquivam de ouvirem e dançarem as músicas mais tocadas nas rádios, se emocionar com as cenas tidas como bobas veiculadas na TV e no cinema.
Quando existe verdadeira ascenção espiritual ocorre o oposto disso - ao invés de o sujeito se revestir de justificativas para minar aquilo que sente, há um mergulho no sentimento.
O intelectual pode evitar sentir feliz ao assistir um filme de comédia romântica pois assumiu para si que a heterossexualidade e maligna e que os roteiros de tais obras são machistas. Uma pessoa espiritualizada jamais veria dessa forma - acharia graça nas cenas engraçadas e ficaria feliz com o final feliz. Mas ainda assim entenderia que é uma obra que apresenta pessoas estereotipadas que poderiam consolidar papéis sociais.
Porém, a inteligência ensina que é preciso determinado nível de influência para que algo se torne verdadeiro na humanidade. O campo de influência de uma comédia romântica não é abrangente e nem persistente o bastante para que a humanidade tome aquilo por regra; e ainda menos que de alguma forma enfraqueça tentativas válidas de reduzir o machismo na sociedade.
Logo, a pessoa verdadeiramente evoluída veria graça num filme bobo porque sabe que é um filme bobo; mas não veria graça num influenciador "bobo" que está recrutando as pessoas para votarem em políticos corruptos e malignos; ou disseminando ideias perigosas como as do movimento antivacina.
Um filme bobo é essenciamente uma coisa boba, mesmo que seja machista. Logo, uma pessoa verdadeiramente sensível perceberá claramente como as coisas são: um filme bobo repleto de bobeiras bobas. E do outro lado, o que de fato é: uma plataforma de governo nefasta disfarçada de "coisa engraçadinha". Não tem graça.
As músicas, filmes e tudo mais da vida toma uma direção curiosamente similar; um artista muito consagrado e outro iniciante tornam-se parecidos. O conhecimento cadêmico e o popular se msotram meio que como a mesma história contada de duas formas diferentes; o emaranhado complicado de palavras, conceitos e construtos que os intelectuais utilizam se mostram exatamente como são: um emaranhado de palavras que não levam a lugar algum.
Ouvir um concerto de Debussy ou um show do Gusttavo Lima deixam de ser coisas radicalmente diferentes e se tornam apenas esteticamente diferentes: um pode ser numa pequena sala de concerto, outro num estádio; um pode explorar melodias em notas de tensão de acordes complicados, o outro melodias simples sobre acordes comuns - as diferenças páram por aí.
Deixa de existir um "conhecimento, música ou hábito" superior e outro "profano". Esse tipo de arbitragem se torna impossível. para quem subiu alguns degraus na escada do desenvolvimento espiritual.
É muito difícil falar sobre sofrimento, nesses termos.
O que é sofrer?
Como disse, a elevação da consciência não faz repelir os menos evoluídos, é o oposto - faz querer cuidar, orientar, ensinar, ser amigo, ser parceiro, falar seu idioma, fazer o que fazem só para ficar perto como se fossem irmãos mais novos de um irmão mais velho (nome do meu segundo livro, em preparação).
Nosso irmão pode ser completamente diferente de nós... e mesmo assim ainda seremos capazes de gostar da sua presença e ansiosamente aguardar por uma oportunidade de o ajudar e ser uma pessoa melhor.
O desenvolvimento espiritual (leia-se: ampliação significativa da inteligência, adoção da bondade como forma de agir) não faz repelir ou sentir-se mal entre os "comuns". O que machuca são as coisas que eles fazem, mas não representam risco ao desenvolvimento espiritual de pessoas mais adiantadas.
Dói porque muitas vezes as pessoas não escolhem o caminho do amor e gentileza: gritam, xingam, humilham, maltratam os outros (incluindo nestes gente mais evoluída que elas), que sentem-se mal com isso. Sentem-se oprimidos, machucados, magoados etc e isso tudo ocorre aos mais adiantados, porém numa magnitude muitas vezes maior que para os comuns.
Mas ao mesmo tempo, a recuperação disso é normalmente mais rápida. Por isso os lamaístas adotavam uma postura um tanto intransigente de não reagir a nada. Se o xingasse, batesse ou maltratasse, faria cara de paisagem e continuaria firme e forte - porque o sentimento ruim passará espontaneamente, levando com ele a dor do escárnio.
E a seguir voltará a brilhar o sol da Mônada, expresso numa sensação engraçada de conexão a todas a coisas e de responsabilização perante os menos consicentes, sejam pessoas ou não. Expresso, também, num turbilhão de grandes ideias, projetos, sonhos, músicas, imagens, revelações e mais um monte de coisas evoluídas.
O aumento na sensibilidade e capacidade intelectual faz com que as músicas se tornem mais intensas que o usual, mas ao mesmo tempo amparadas pela lógica, para aqueles que estudaram música; para os artistas visuais, arquitetos, designers, certamente as formas e cores se tornam muito mais imponentes do que costumavam ser; para quem não desenvolveu nada... deixemos por isso mesmo.
Tal é a dinâmica do chamado "mental abstrato", em que tudo está desconectado, podendo (ou não) ser conjugado através de lógica. É como um jogo de xadrez em mais que três dimensões, enquanto o chamado "mental concreto" é como um jogo de damas num tabuleiro bidimensional.
E o sofrimento, onde entra nisso?
A meu ver, não entra, porque não é caminho.
E quando a pessoa se torna de fato evoluída, aquilo que conhecemos como "sofrimento" deixa de ser sofrido e passa a ser apenas um incômodo que pode ser facilmente evitado, afastando-se de tudo e todos (como eu já pensei em fazer), ou aprendemos a viver com o incômodo, como pagamento (ou tributo) natural do convívio de pessoas que não precisam, em absoluto, da nossa ajuda.
Mas que é muito legal ter por perto, dar risada juntos, contar piada, falar sobre o nosso Galo (Clube Atlético Mineiro), cantar junto que estamos bloqueados (é muita raiva misturada com tristeza), comer os pastéis e comidas simples preparadas em locais igualmente simples.
E nada disso é bonito, ou intelectualmente justificado - é uma necessidade, simplesmente conviver com todos.
Felizmente me deram um nome lindo, provavelmente a única coisa de que me orgulho: carregar em meio à face da Terra o nome de um Mestre tão maravilhoso. E que intrigantemente.. é como se eu o conhecesse muito bem.
Coisas estranhas da cabeça estranha do Ari(omester, no caso, eu).
Eu estou muito longe de ser uma pessoa boa, do bem, educada, simpática, interessante, atraente, relevante.
Sempre foi assim, sempre será.
Algumas pessoas nascem para ser o centro das atenções; outras, para ser algum tipo de suporte a quem está no centro das atenções. Eu nem devia ter nascido.
Se me arrependo de algo na vida? De ter nascido.
Espero que isso não se repita mais.
Estava pensando sobre essas coisas recentemente. Eu sou tão desajustado socialmente que não me deprime ser uma pessoa pouco ou nada atraente, que frustra todas as melhores e piores expectativas, que causa uma sensação horrível em que está perto demais.
Se meus pais soubessem o que eu me tornaria, dificilmente me dariam o nome "Ariomester" para carregar. É o nome de um Rishi, ou seja, o Sacerdote Central de uma das regiões mais evoluídas de Agartha, a mítica civilização preconizada na teosofia e nos saberes trans-himalaios, descrita toscamente na literatura e filosofia ocidentais como sendo o "jardim do Éden" (aquele mesmo da Bíblia, mas muito antes da queda), "paraíso", "Valhalla" e todas as outras formas de descrever a morada dos Santos, Deuses e Adeptos mais evoluídos.
Agartha é regida por Sacerdotes e o maior deles, da sexta região, chamada Shaka (trad: O País dos Destemidos, segundo JHS), tem o precioso nome "Ariomester" e sua esposa, a Grande Sacerdotisa, se chama "Ariânia". Eles têm sete filhos e sete filhas, nunca envelhecem ou morrem. Não precisam se alimentar a não ser por luz solar, mas de um sol que existe no interior da Terra. Não são espíritos ou egrégoras - são gente de carne e osso, mas uma carne e um osso bem diferentes dos que conhecemos, ainda que tenham costelas, fêmur e tudo mais que nosso corpo tem. A diferença não está na estrutura corporal, mas na qualidade do corpo e o seu metabolismo, que faz deles criaturas muito superiores a qualquer coisa que se imagine por aqui.
O lugar que governam é tão evoluído que teríamos dificuldade em encontrar, entre os maiores intelectuais que já ouvimos falar, alguém capaz de sustentar uma conversa um pouco maior que 15 minutos com o Ariomester verdadeiro (eu sou a cópia mal feita, algum tipo de cosplay pobre que utiliza fita crepe e caixa de papelão usada para fazer sua fantasia mal cortada).
Imagino que meus pais tivessem altas expectativas ao me darem o nome que tenho. Imaginavam que eu seria uma pessoa honrada e venerada, como eles. Uma pessoa ajustada socialmente, que teria o cabelo bem cortado, lhes devotaria total devoção, teria um emprego regular, uma família própria e aos 18 anos de idade estaria já morando sozinho, facultando-os irem morar em São Lourenço/MG, sozinhos - seu confesso sonho, repetido à exaustão "quando vocês fizerem 18 anos iremos embora morar em São Lourenço e vocês ficarão aqui cuidando das suas vidas".
Minha mãe só não se frustrou completamente comigo porque morreu de câncer quando eu tinha 12. Não deu tempo de se frustrar completamente, mas eu sei que ela se frustrou muito por ser pedagoga e ter feito uma parte significativa da faculdade de psicologia. Desde pequeno já tinha entendido que eu daria errado em tudo.
Todos os dias ela me falava que eu era muito diferente e que seria incompreendido por todos. Lia para mim o patinho feio todos os dias e diia "você é o patinho feio". Eu pouco ou nada entendia, mas pedia para que lesse de novo, pois era o único momento em que ela parava e olhava para mim. Engraçado ter saudades de alguém assim. Provavelmente tenho saudades da versão fantasiosa que criei dela na minha mente. Era nítido que eu passava bem longe de ser alguém querido e muito menos admirado por ela e menos aínda pelo meu pai.
Admiração é a sensação mais estranha que conheço. Quando surge alguém que supõe me admirar, sou o primeiro a dissuadí-la. Está me confundindo com outra pessoa e isso deve ser corrigido.
No último dia de vida da minha mãe, ela estava sentada no sofá da sala, quando eu cheguei da escola disse: "espera, deixa eu ver você um pouquinho..." E eu disse "nunca me viu?". Ela disse "você é tão bonito...". E estamos conversados, foi a última vez que nos falamos. Nesta noite ela morreu, bem na minha frente, deitada em sua cama e eu ajudei a carregar o corpo até o carro, que saiu em disparada para o pronto atendimento, sem efeito - já chegou morta.
Não deu tempo dela ver o que veio pela frente na minha história.
Meu pai, pobre coitado, se frustrou comigo até o último dia da sua vida. Era fácil ver o quanto eu era um peso em suas costas e sua desgraça de eu ter sido o único da família que se dispôs a cuidar dele, desde o primeiro momento da descoberta da doença de Alzheimer.
Acho que se ele tivesse condições de escalar pessoas para cuidar dele ouviríamos o "Ariomester, não", de novo. É sempre assim, em todo lugar que eu vou: "todos podem, exceto você, Ariomester - você, não".
Eu posso ser mau, fracassado, sonhador, "mundo da lua", inútil, irresponsável... escolha a forma que preferir se referir a mim. Eu não me importo.
Mas uma coisa que não sou é covarde. Infelizmente eu era a pessoa mais disposta a cuidar do meu pai e assim foi. Independente do que tenha ocorrido quando eu era criança, adolescente e adulto; independente do olhar dele até o dia de sua morte, em meus braços... ele precisava de ajuda e eu estava mais ou menos disponível - as pessoas que sempre disseram amá-lo, começando por gente da própria casa (não que seja o caso do meu irmão - ou talvez seja), que o defendiam e diziam ser uma pessoa maravilhosa e perfeita desapareceram.
Só eu fiquei, não fugi, não recuei - aceitei o encargo e assim foi, como deve ser. Na verdade me custou muito caro em termos de energia e de trabalhos cuidar dele. Mas se não fosse eu, quem seria?
Deveria deixar que ele morresse sem cuidado?
Eu não sei ser essa pessoa. Lamentei muito, amaldiçoei a vida e o universo, mas ok.. cuidei dele, dentro das minhas terríveis limitações. Fiz o que pude. Não por carinho, gratidão, remorso.. simplesmente porque a lógica dizia que a pessoa mais disponível para a missão era eu. Isso não faz de mim alguém bom.
Isso é ser destemido?
Não sei, mas todos os dias peço perdão ao Mestre Ariomester por estar utilizando seu nome de forma desonrosa, em meio a tantas atitudes equivocadas que eu tenho, tanto fracasso associado a uma palavra tão bonita. Por isso que eu prefiro me chamare "Ari".
"Ari" me incomoda - não é o meu nome, não gosto de ser chamado assim. Mas me dói muito mais utilizarem a palavra sagrada "Ariomester", nome de um Rishi, em vão, ao lidarem comigo: um fracassado. Por isso prefiro que digam "Ari", mesmo sentindo incomodado com isso.
Digo abertamente que sou um fracassado e os videos da época da infância mostram que isso tem sido alardeado por mim há bastante tempo.
Ultimamente, para ser bem sincero, tenho reconsiderado essa premissa. Não que eu tenha deixado de ser um fracasso completo, como prova a minha história com todos os seus elementos; além do persistente desajuste social sem a causa em alguma enfermidade como autismo ou superdotação.
Eu sou uma pessoa má e ruim. Isso é um fato inquestionável, mas não quer dizer que ficarei a vida toda fazendo coisas ruins ou malfeitas porque não gosto da ideia de ser determinado por nada. Quem me determina sou eu e nem tente outra pessoa ou mesmo o karma intervir. Quem manda em mim sou eu e estamos conversados.
Mas estou sendo obrigado pelas evidências que tenho encontrado em meus comportamentos e história a aceitar que talvez meus pais tenham tido a chance de me ajustar e a jogaram fora, em diversas ocasiões diferentes. Certamente eu seria uma pessoa mais feliz, o que não é difícil encontrar pois sou um dos mais tristes que conheço e um dos poucos ex-suicidas que já cruzei em tdos estes anos.... e conheci muita gente!
No vídeo de onde vieram esses prints há um momento em que alguém fala "Ariomester, vai e entrevista o seu irmão, Artênius e logo em seguida a minha mãe fala 'o Ariomester, não! Coloca o Dirceu que é melhor'" e o menino Dirceu nem consegue formular uma pergunta, enquanto eu estava falando, animado, tentando deixar todos alegres e animados; e desde pequeno tenho uma certa facilidade em falar (geminiano). Mas...
"O Ariomester, não".
Numa outra gravação meu pai grava em fita cassette o que eu relatava em meus sonhos com desdém e fazendo graça, mas na época eu não percebia. Era um dos poucos momentos que ele olhava para mim e me dava alguma atenção, para mim era o ouro. Mas isso veio com um elevado preço.
Ou talvez fizessse, inconscientemente, algum tipo de vista grossa. É difícil a um filho assumir que o pai não gosta da gente na mesma proporção que gostamos dele.
Lembro que eu era pequeno e tinha um sonho recorrente: minha mãe estava deitada numa cama, doente e dizia "meu filho, me mate". Eu chorava muito, mas sempre matava. Quando ela começou a adoecer, passou a ficar cada vez mais distante de nós, segundo ela, "para nos preparar para a sua partida". Mas acredito que antes da doença ela já adotasse uma postura mais distante.
Era sobre isso que eu estava pensando.
Tenho uma saudade enorme dos anos 1980 e 1990, mas se tivesse a oportunidade de voltar a ser criança onde cresci, prefiro deixar como está. Não tenho um pingo de saudade da minha infância e nem da adolescência, mas tenho dos lugares, dos cheiros, gostos, do silêncio, da ausência de tantas antenas e redes sociais.
Era uma época muito calma se comparada à forma como vivemos atualmente. Sinto bastante falta disso.
Adoraria andar nos ônibus dos anos 80 de novo, dar uma volta nas lojas, nas boates, nos parques, enfim.. nos lugares que já visitei, mas na época nem imaginava que existissem. Adoraria passar uns dois anos de volta: um em 1987 e outro em 1996, por exemplo, mas como o adulto que sou hoje e não como a criança/adolescente que eu fui. Não quero aquilo de novo nem mesmo se tivesse a oportunidade de consertar o que deu errado (praticamente muita coisa).
Nos últimos anos de vida do meu pai, quem cuidou dele fui eu.
E mesmo debilitado pela doença de Alzheimer, ainda dava para ver no olhar dele o peso que eu sempre fui, não apenas financeiramente, mas enquanto algum tipo de frustração pesada.
É o que eu faço melhor: frustro as pessoas. em especial as mais próximas, justamente porque eu não fui "programado" corretamente quando era pequeno. E não falo de programações comportamentais, mas de algo que excede um pouco o comportamento.
Quando uma pessoa é pequena, é como se o seu aura ou nadis fossem vulneráveis a influências, em especial dos seus pais. Isso significa dizer que com o passar do tempo, a forma como psicologicamente a pessoa é tratada vai lentamente programando seu aura para emitir algumas frequências e inibir a emissão de outras.
A morte seguida de ressucitação nos Mundos Interiores ou reencarnação são capazes de fazer com que o aura, por mais fechado que seja no momento da morte, esteja vulnerável por tempo o suficiente e ser rapidamente reprogramado.
Uma quantidade apreciável de doenças tidas como físicas são resultado de desequilíbrios no aura. As minhas alergias, inespecíficas e aparentemente de fundo emocional são um exemplo, que poderia incluir problemas cardíacos, endócrinos, neurológicos e muitos outros.
Quando eu era pequeno, fui "alimentado emocionalmente" (psicologicamente) com emoções e elementos que jamais deveriam ser oferecidos a mim. É como dar doce a um diabético, ou camarão a alguém alérgico a frutos do mar.
Por causa disso, resultado da interação do meu organismo astral (duplo etérico) com as emoções e situações emocionais e psicológicas em que vivi, acabou gerando padrões de emissão no aura que vão me acompanhar por toda a vida e continuarão causando problemas. São padrões que desorientam as pessoas, despertam nelas coisas terríveis e isso faz com que queiram se afastar de mim.
Contudo, como imagino que este blog estranho só será valioso talvez daqui a 200 ou 300 anos, provavelmente já existirá até lá uma forma de interagir com o que escrevo sem ser impactado pelas emissões nocivas do meu aura. Daí ser tão importante que eu deixe evidente como eu me sinto, vejo e sou visto (fracassado), para que sejam aplicados os adequados filtros a este material e ele tenha alguma serventia.
Ao ser pai, muita coisa mudou na minha forma de ver o mundo. Se os filhos esboçam alguma bronquite ou gripe mais forte, já levamos direto ao pronto atendimento, mesmo que seja para voltar com a prescrição de "repouso e paracetamol se tiver febre acima de 38,5ºC). Se suspeitamos que os desenhos estão influenciando negativamente, os suspendemos imediatamente, trocando por outras atividades. Somos pais atentos aos menores detalhes e buscamos oferecer aos filhos aquilo que os faça sentir bem, do jeito que são, alegres e empogados.
Por outro lado, nunca fui a um pronto atendimento até ter mais de 30 anos de idade. A não ser uma vez que um cachorro mordeu meu braço e eu quase precisei levar pontos. Quando criança e adolescente, nunca fui ao pronto atendimento.
As pessoas falavam "muita gente vai ao médico somente para conversar" e eu pensava "pode ir ao hospital mesmo se não for caso de morte eminente"?
Até mais de 30 anos de idade, eu ainda via as coisas assim. Lembro de muitas noites passando muito mal, quando criança, por conta da bronquite, sem conseguir respirar, pedindo ajuda aos meus pais e sendo negada. Lembro de ir dormir, muitas vezes, pensando que eu morreria asfixiado de noite. Deitava e me despedia de tudo, pois tinha certeza que morreria durante a noite.
Isso repetiu muitas vezes, assim como as cáries nos dentes, alergias fortíssimas, além de um monte de dificuldades e me relacionar, porque era sempre pareado a crianças que prejudicavam a minha expressão e forma de ser. Nunca tiveram o cuidado de me levar para junto de crianças que me aceitassem, ou gostassem de mim - sempre tive a sensaçãod e estar em território inimigo, como um submarino armado até os dentes passando incólume por baixo das embarcações inimigas.
Isso fez com que muitos padrões de vibração do meu aura fossem programados para repelir as pessoas e ao mesmo tempo me atrair situações desfavoráveis.
Curiosamente, as crianças não percebem esse tipo de coisa e se comportam de forma linear, ou seja, não parecem estar sofrendo, nem sendo mal influenciadas. Mas quando a adolescência chega, é como se o ciclo fechasse e apartir de então, os comportamentos que vemos na fase infantil desaparecem, dando lugar ao que foi programado implicitamente através de castigos, rotinas, hábitos etc.
Talvez isso esteja ligado com os ciclos de testosterona e estrógino, de alguma forma: entre 3 e 6 anos, em que há um pico de tais hormônios, fazendo dos meninos muito travessos e das meninas muito introspectivas, como algo que abra o chamado aura a tais influências, por a mente ainda não estar programada.
Depois, com o despertar da puberdade tal influência seja interrompida e a partir de então o sujeito será influenciado pelo que foi acumulado durante a sua infância, desfazendo naturalmente o comportamento infantil e dando lugar ao que ele aprendeu, implicitamente. É o momento em que as meninas vestidas de princesa se tornam rebeldes; os meninos bagunceiros se tornam gente muito reprimida e assim por diante - aquilo que foi programado implicitamente, por trás de um comprotamento constante começa a falar muito mais alto do que aquilo que mostravam.
Até porque nenhuma menina nasce princesa - são os pais, quem geralmente querem que as filhas sejam princesas e elas docilmente aceitam; até um ponto em que aquilo que foi acumulado psicologicamente toma conta da personalidade da criança, mostrando a versão adulta desta criatura.
E talvez por isso, agora, aos 45 anos de idade, em que a testosterona baixa, seja possível a mim escapar de algumas dessas perturbações. Vamos ver e é possível. Este iníciod e ano tive uma experiência muito favorável neste sentido, no fatídico IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária). Ainda que tenha tido problemas com algumas pessoas, com um monte de outras eu era uma fonte de inspiração (como disseram), uma pessoa extremamente empolgante (como disseram), alguém que faz falta (como disseram). Vamos aguardar e ver como as coisas procedem.
Lembro que eu era criança e adolescente difícil de lidar.
Meus pais achavam que eu era autista, me levaram a um psicólogo que constatou que eu tinha uma inteligência acima da média, mas não autismo. Lembro dos meus pais me olhando e dizendo "ele é esquisito". Eu era um menininho muito animado, agitado e inconveniente.
Eu era um adolescente ainda mais difícil de lidar. Lembro que fazía piada com um rapaz que morreu num racha de carro, ao ter ido comprar pão para a família. Ele tinha 14, 15 anos de idade. Era um "playboy".
Hoje, como pai, não imagino a dor da família em perder um filho nessas circunstâncias e só lamento por eu ter tido esse tipo de reação à luz da época.
Sem contar uma vez, no final dos anos 1990, em que estávamos numa festa muito chata, repleta de gente esnobe. Entrei no banheiro e cuidadosamente passei sabonete em todo o piso do banheiro. Fiquei do lado de fora dando risada ouvindo o povo cair no chão.
Acho que seria mais lógico ir embora.
Muitos anos antes, em 1989, fui a uma festa da escola. Foi a única vez que fui a um aniversário de coleguinha de sala, eu tinha 10 anos.
Lembro que tentei interagir com as pessoas, mas me senti extremamente desconfortável. Eram crianças de classe média e média alta, a festa fora numa mansão, eu estava muito animado para ir. Mas assim que cheguei, senti uma vontade de sair correndo de lá, ir embora, me senti extremamente desconfortável. Excluído, alguém que não é bem vindo, alguém que não devia estar lá.
Multidões nunca me incomodaram. Não me sinto mal quando estou cercado de gente, podem até ficar falando comigo ao mesmo tempo ou fazendo barulho que eu não vejo problema algum. Mas aquelas pessoas da festa... senti como se eu fosse o pior de todos, o mais fracassado que existe.
Sai correndo, bati a cabeça numa porta de vidro, o povo ficou rindo, eu saí e fiquei num cantinho da mansão, sozinho, vendo a festa acontecer de longe e ninguém veio ficar comigo, nem quiseram saber se eu estava bem. Depois de um tempo, pedi a um adulto que ligasse para o meu pai.
Nos vídeos de festas de aniversário aqui em casa, da época, não encontramos nenhuma criança da escola (Pitágoras). Porque eu não tinha quem convidar e se tivesse teria vergonha de mostrar uma casa normal de classe média a crianças enfeitadas com coisas compradas na Disneyland (lá nos anos 1980...).
Os três anos que passei no Pitágoras Pampulha foram muito definidores, neste sentido.
Imagino que ao redor dos 10 anos de idade seja uma idade de transição, supondo que minha premissa esteja certa (o aura emite frequências que podem tanto atrair quanto repelir pessoas, mesmo sem a pessoa dar uma palvra ou até mesmo por um chat de internet).
Foi a minha época no Pitágoras: 1989, 1990 e 1991.
Era uma escola enorme (25 mil metros quadrados). Eu tinha estudado numa escola pública na primeira e seugnda série do ensino fundamental; e no jardim de infância que mamãe transformou a nossa casa, entre 1983 e 1985.
Tinha lanches que não existiam no meu bairro, muitas salas, desde crianças pequenas do chamado maternal (2 a 6 anos de idade) até adolescentes do final do ensino médio (18 anos). Tinha grandes piscinas, quadras e até uma tirolesa no parquinho, que devia ter mais de 1000 metros quadrados.
Meu sonho sempre foi ser motorista de ônibus. E pela primeira vez na vida íamos para a aula nos famosos ônibus especiais. No meu caso, era o 06, cujo motorista se chamava Olegário, apelidado "Lagoa", porque ao invés de ir pelo caminho mais rápido, todo dia dava meia volta na Lagoa da Pampulha, sendo que não pegava nem deixava nenhum aluno lá. Acho que era só pela experiência de dar a volta na Lagoa da Pampulha dirigindo ônibus, mesmo.
Desse mundo formidável, com um monte de colegas novos, que eu estava extremamente ansioso para conhecer, apesar de eu ser muito tímido, restou somente uma lembrança: o som do meu tênis pisando os infinitos corredores de madeira do Pitágoras, sozinho, no recreio.
Eu não consegui enturmar. Acho que as crianças eram muito diferentes de mim e por isso não nos tornamos amigos. Ou porque meu desenvolvimento é bastante retardado, como já mencionei anteriormente.
Na hora do recreio, sem ter com quem brincar, porque minhas brincadeiras pareciam tolas, nem ter com quem conversar, porque as coisas que eu gostava (ciência) ninguém achava importante, eu ficava a vagar pelos corredores do antigo prédio, ouvindo meu pé pisar a madeira ao longe as outras crianças brincando, conversando, se divertindo...
Engraçado que eu nunca tive dificuldade em fazer amigos, aproximar das pessoas... me falta, muitas vezes, uma motivação. Da minha experiência eu já imagino o quanto serei rejeitado e para que isso não continue ocorrendo "à toa", eu fico muitas vezes quieto no meu canto. Não falo nada do que sinto, nada do que faço, não falo nada.
Acho que eu sou um peso na vida de todo mundo e por isso eu prefiro resolver todos os meus problemas sozinho, sem nem mesmo dar a entender que tenho algum problema. Tenho dificuldade em buscar ajuda porque eu quero resolver tudo sozinho, sem incomodar ninguém. Engraçado que na próxima escola (Promove Pampulha), por ter muitas crianças do meu bairro acabei fazendo um monte de amigos e ainda que tivesse extrema dificuldade em falar como me sinto, em falar se estou sofrendo, em falar se gostava de alguma menina, ou mesmo entender que eu fosse merecedor de ter um relacionamento com alguém minimamente decente... fiz muitos amigos e de forma bem fácil.
Isso acontece até hoje, em todos os lugares que eu começo a frequentar. Acho que é natural ficar amigo de todos, mresmo que nem todos sejam meus amigos. Minha mã estava bem equivocada sobre o "autismo".
Lembro da primeira vez que andei no ônibus escolar, fomos os primeiros a entrar, eu dei "bom dia" para todo mundo, acho que ninguém me respondeu. Ao entrar, vi meu nome numa lista na parede e indicação de uma sala de aula, nunca tinha passado por tal experiência. Mas no último ano, lá estava o ônibus, eu não dava mais "bom dia" a ninguém, ficava quieto no meu canto; ao ver meu nome na lista pensaei "lá vamos nós... mais um ano nesse inferno".
Acredito que isso teve um impacto bem significativo no meu aura e acabou por consolidar muitas frequências nocivas que vão me atrapalhar a vida toda. Frequêncas que nem deveriam existir ali, em primeiro lugar.
Mas já que existem...
Faz pensar sobre como as crianças são criadas e o tipo de coisa que muitas vezes é implantado em seus auras e que acabe as forçando viver situações desagradáveis; e o quanto po tencial de todos poderia ser melhor explorado se durante a infância cada um tivesse sido nutrido emocionalmente da forma adequada.
Muito bem, Ari, o que isso quer dizer, na prática?
Quando uma criança faz alguma bagunça e é duramente repreendida, apanha ou sofre algum tipo de violência (física, moral, emocional, psicológica), ela se sente péssima por não ter correspondido ao que o adulto (um pai ou mãe, por exemplo) gostaria que ela tivesse feito.
Ela provavelmente tentará várias outras vezes revisitar a cena que ocorreu, tanto inconscientemente repetindo a bagunça, quanto tentando agir de forma a não ser novamente repreendida, mas através de comportamentos estranhos - esteriotipias comportamentais, problemas na fala, sono, pesadelos etc. Crianças são pessoas muito resilientes e persistentes.
Se repetidamente ela chega no mesmo resultado - repreendida, magoada, triste, ela não pensa "esse adulto não gosta de mim, vou procurar outro que goste". Ela pensa "eu não sou boa o bastante - fui incapaz de fazer quem eu amo me amar de volta".
Para mim, que vivi essa situação a vida toda, gostar de quem não gosta de mim, insistir com quem não me queria por perto sem entender porque eu fazia isso... é como escrever um testamento ou autobiografia.
Logo, cada criança terá um tipo de criação específico e mesmo entre irmãos gêmeos pode ser que cada um necessite de uma "dieta emocional" diferente: estímulos emocionais e intelectuais, situações sociais, relação com o corpo, alimentação, sono etc.
Tratar a qualquer criança como se trataria "a toda e qualquer criança" costuma ser um erro dos grandes, que trará muito mais problemas que soluções. Virar as costas para a criança, como fizeram comigo, fará a pessoa ver o mundo por um ângulo ou perspectiva muito estranho e inusitado: de trás pra frente.
Ao invés de ver o rosto feliz de quem abre os braços para te abraçar, você verá as pessoas de costas, fechando a porta diante de suas investidas, por melhores, mais bem calculadas e conduzidas que sejam. É sempre frio lidar com pessoas; calor, para mim, somente o do sol mesmo, que curiosamente eu preciso senão adoeço.
Tem dias que eu preciso ficar coarando no sol do meio dia por mais de uma hora para sentir energizado. Isso faz o meu aura ficar mais forte. Talvez repercussão hiperfísica de ter o nome "Ariomester", de um um Rishi de um lugar em que todos se alimentam das emanações de um sol que nunca se torna noite - é sempre dia. Coincidência engraçada, para não voltar com as especulações sobre crianças trocadas: nasce uma aqui na face da Terra, ela é levada para os Mundos Interiores e em seu lugar é colocado um bebê idêntico, vindo dos Mundos Interiores. Eu não sou tão valioso assim, acredito que meu caso seja mera coincidência (é a solução lógica para a questão).
Eu desisti de mim e do mundo tão cedo que nem lembro quando foi. Sinal de que essas inadequações psicológicas vêm de bem pequenino...
Porque chega um ponto em que fica claro que insistir é perda de tempo, dar uma outra chance aos adultos é inútil, pois independente do que façamos, o resultado será sempre o mesmo. E será muito ruim.
Ultimamente tenho pensado muito na minha morte.
Estes escritos têm muito a ver com isso - a urgência de deixar um legado, por pior que seja, como creio ser este blog.
Eu gostaria que ao morrer fosse como um sono, em que eu acordasse numa outra época, num outro lugar, sem as pessoas que conheço e conheci. Tudo novo, inclusive sem lembranças até mesmo de ter escrito esse blog.
Mas dispor de lucidez suficiente para visualizar isso inviabiliza este desfecho. Atesta que não terei condições de realizar essa próxima encarnação pois teria consciência demais de quem sou e um aura estranho demais para fazer um ajuste ao corpo de uma mãe e os pensamentos de um pai daqui. Essa solução, que seria a minha escolha, não existe.
Mas quem sabe morrendo seja possível reparar os meus erros de programação? Parece bom, mas como a voz misteriosa me venceu em 1994, não vou "me deixar morrer". Vou continuar vivo e fazendo o máximo de coisas boas que eu puder, mesmo sabendo que não sou uma pessoa boa.
Porque quem manda em mim sou eu.
Mas enquanto eu não morro, fico feliz em orientar os filhos (que são muito parecidos comigo) a não errarem onde eu errei, por uma infelicidade de criação. Tenho os acompnhado muito de perto, abri mão de empregos e vida social para estar ao seu lado, orientando-os passo a passo até conseguirem raciocinar por conta própria, tomarem as próprias decisões... e ajudando-os a lidarem com esse mar de pessoas malcriadas - que foram machcucadas, humilhadas, abandonadas pelos seus cuidadores adultos sob pretextos tais como "dar limite", "dar uma boa condição de vida", "dar um exemplo de sucesso" etc.
Certamente eles sofrerão muito nas mãos dessas pessoas e enquanto estiver vivo continuarei orientando os dois filhos. Não faço ideia até que idade precisarei fazer isso, mas estou com tempo, não tenho pressa. :)
Acho que por ter tão poucos amigos; ou por não ser uma pessoa interessante, poucas vezes eu precise falar algo a meu respeito.
Eu fico triste em ter poucos amigos. Em quase todo lugar que eu chego e passo a frequentar um pouquinho já faço um monte de amizades, rapidamente ficam meus amigos.
Mas por motivos que eu prefiro não expor, isso não progride.
Acho que de certo modo já falei sobre isso em alguma outra postagem, mas quem sabe agora, aos 45 anos de idade (em 25/5/24) isso possa mudar e eu possa, de fato, ter amigos e amigas.
Este é um processo complexo e muito aguardado - eu precisei esperar até essa idade para que ele tivesse início. Numa outra ocasião eu explico isso direito.
Por ora, como eu disse, sou apenas uma criança de 9-10 anos com aparência de 35 e quase 45 de idade cronológica.
A partir de agora, os anos passarão e eu conseguirei atrair e manter amigos e amigas. Finalmente.
Voltando à pergunta de hoje - com o que eu sonho?
Quando eu era criança (até por volta dos 8-9 anos de idade), eu queria ser motorista de ônibus (da linha 2214 A: Floramar-Centro de BH, atual linha 719).
Motorista é quem dirige (coordena, orienta, lidera etc) e somente agora muitas coisas estão ficando óbvias para mim. Se eu não tivesse esperado todos estes longos 36 anos, provavelmente eu não conseguiria entender nem 1/3 do que eu entendo hoje e isso seria complicado. Muito desanimador e confuso.
Acho que meu grande sonho é ser importante para alguém.
Ser uma pessoa relevante para alguém.
Ser pai envolve muito disso, mas biológica e psicologicamente as crianças não têm outra opção a não ser me considerarem importante e relevante por ser seu pai.
A minha história é assim: eu deixando as coisas seguirem, raramente interferindo no que vejo ocorrer, muito raramente tomando partido, atitude ou posição na vida.
A minha história é assim: sou considerado inferior, desnecessário, um fardo pesado a carregar, um erro, preguiçoso, irresponsável, alienado, folgado, mimado etc.
A minha história é assim: nada do que digo importa, não tenho relevância alguma, só falo bobagens, besteiras e idiotices.
A minha hsitória é assim: metade das pessoas riem de mim, a outra metade acha que eu sou idiota ou doido ou inútil e a maior parte não vê relevância alguma em mim.
A minha história é assim: as pessoas me olham ou com medo, ou com desprezo; de certo modo me tratam como um fracassado, alguém que deu errado.
Mesmo na minha família é assim.
Mesmo entre pessoas bem próximas é assim.
Basta me conhecer um pouco, estar presente bem de perto, regularmente, para ser adotada alguma das atitudes acima. É tão somente questão de tempo, ainda não foi registrada exceção à regra.
Acho que o meu sonho era ser algum tipo de líder ou coordenador de algo que tivesse alguma relevância.
Alguém que dirige.
É engraçado que desde criança, nos meus sonhos não vejo coisas assim.
Quando eu era bem pequeno sonhava que era tripulante de naves (discos voadores) que destruíam monstros que estavam a assolar a cidade e as pessoas. Meu pai chegou a gravar uma vez que descrevi em detalhes o interior dessas naves - rindo e achando graça como se pode ouvir na gravação.
Ou seja, mesmo sendo meu pai, estava classificado adequadamente em alguma das categorias que mencionei acima.
Quando eu era criança sonhava que todos os dias ficava conversando por horas com o Professor Henrique José de Souza e ele me ensinava muitas coisas importantes. Ao conversar com ele, eu não era mais criança, mas um adulto mais ou menos como eu sou hoje em dia.
Adulto em corpo de criança?
Deus me livre - prefiro ser criança em corpo de adulto. É mais divertido.
Mais recentemente (uns 5 anos atrás) tive sonhos muito curiosos envolvendo pessoas dos Mundos Interiores, especificamente ligadas ao chamado Dragão Azul, que me tratavam com uma reverência constrangedora. Era como se eu fosse importante por lá.
Mas como seria possível ter relevância num lugar tão evoluído e ser diaria e sistematicamente rechaçado pelos "grosseiros" da face da Terra?
A única explicação cabível é assumindo que nos Mundos Interiores vigora uma forma de pensamento radicalmente diferente daquela que é praticada à luz da face da Terra. Isso quer dizer que por lá as regras de convívio social, cultura, linguagem e tudo mais é tão drasticamente diferente daqui que de nada adiantaria ter todos os diplomas e conhecer todos os países do mundo - ainda faltaria ter os diplomas de lá e conhecer os lugares e pessoas de lá.
A outra explicação cabível foi a que me levou a 5 minutos de tirar a própria vida, em 1994, mesmo ano em que comecei a tocar bateria.
Ela diz que eu não tenho relevância porque sou pior que os piores. É o que as atitudes das pessoas mostram - acenando e celebrando pessoas mesquinhas, egoístas, individualistas e me tratando muito mal, de forma recorrente, por mais homenagens que eu lhes preste, por mais gentil que seja minha forma de lidar com elas. Dizendo que eu sou um fracassado "porque não quero ser como todo mundo é".
Realmente, não faço questão de ser egoísta, mesquinho, individualista, ganancioso, ambicioso, bem sucedido, proativo ou qualquer outra baboseira que os livros de autoajuda e os manuais de recursos humanos preconizem como sendo "características desejáveis". Definitivamente não serei esse tipo de pessoa.
Como ex suicida, a última coisa que me assombra é a morte, seja ela qual for: em acidente, em dor extrema, na penúria da pobreza, repentina ou anunciada. A morte não me assusta nem um pouco e muito menos o que virá depois dela.
Tendo em vista as coisas que já passei, as humilhações por tentar ser uma pessoa boa, por demonstrar carinho, por dizer que amava alguém em público, por tentar ser amigo, por fazer questão de ajudar, por não conseguir nem agir em meio a tanta dor e tristeza, por ser um tanto distraído, muitas vezes... nem o pior dos infernos de Dante seria novidade. Seria, no máximo, um upgrade do que eu já conheço bem.
Diferente do que acontece "com todo mundo", essas marcas e agressões não fizeram cicatriz e "me ensinaram a viver e se dar valor". Cada ataque até hoje dói tanto quanto doeu o primeiro, não importando quantas vezes eu seja atacado. Sempre dói, sempre machuca da mesma forma.
Simples cobranças de um emprego ou da vida cotidiana, se feitas com algum grau de maldade, rispidez ou grosseria me machucam muito. Mas eu aprendi a não deixar a dor me abater, desde pequeno, a nunca demonstrar que dói, mesmo doendo tanto a ponto de eu não coneguir nem mesmo pensar ou falar - e ser, por isso, considerado omisso, irresponsável etc.
Eu aprendi a viver com dores fortes, com um desânimo constante, sentindo o pior dos fracassados, entrando de cabeça baixa em qualquer lugar que seja, mesmo dentro da minha própria casa.
Por mais estranho que possa parecer, isso não muda meus sonhos.
Por lá eu continuo relevante, ao menos para as ilusões que os somhos criam.
De tempos em tempos eu tenho me visto novamente às voltas com o Professor Henrique José de Souza e outros Mestres muito evoluídos, que me tratam com um carinho e reverência muito estranhos, para dizer o mínimo. Que graça essa gente vê em mim, tendo ao seu redor tantos Adeptos, Santos, Anjos Deuses e outros seres Iluminados?
Curiosamente, das poucas certezas que me restam, posso assegurar que o contato com tais Mestres é verdadeiro. Ocorre à luz do plano astral, mas não são ilusões - de fato é o Mestre JHS e outros.
Certa vez me vi no meio de um monte de comandantes, todos vestíamos a roupa azul escuro, parecida com a da Marinha. Vestíamos colares de distinção espiritual por termos realizados feitos muito importantes para a chamada Obra do Eterno.
E eu era, também, um desses comandantes e tratado por todos os outros como um velho amigo: empolgados por me encontrarem novamente - diziam que eu estava sumido.
Ironicamente, uma pessoa da minha família é um dos meus antigos discípulos, de uma encarnação bem antiga, que há milênios atrás se tornou um ser iluminado me acompanhando pra cima e pra baixo entre os desertos, neve, sol escaldante e mendicância típicas do adeptado. Fez questão de vir para perto de mim nascendo bem próximo, vindo das profundezas das profundezas dos Mundos Interiores, de um lugar em que nem é preciso mais reencarnar, por assim dizer e dar algum vislumbre do grau de desenvolvimento daquele lugar. Trocou uma vida eterna por algumas décadas perto de mim.
Veio me ajudar, diz a pessoa. Ajudar a que?
Eu preciso de ajuda? Para realizar exatamente o que? Não estou ao par do assunto.
Vê como as pessoas dos Mundos Interiores pensam diferente da gente aqui na face da Terra?
Acho que eu faria o mesmo e talvez isso explique o fato de eu ter nascido aqui. Talvez tenha vindo ajudar em algo que eu não sei exatamente o que seria, nem o que fazer, mas que precisaria me preparar por muitos anos (36, talvez?) para que na hora que acontecesse eu tivesse a reação exata.
Típico de quem não tem mesmo nada a perder.
Talvez por isso a naturalidade com que enfrento a morte e até mesmo o suicídio - por saber que neste mundo não há mais o que aprender e portanto, não faz sentido ser apegado a nada. Nem mesmo ao nome, origem, missão, destino, nada.
É como acertar de olhos fechados sem ser por pura sorte.
Quem sabe algum dia eu seja importante para alguém que não tenha nascido vinculado a mim?
Quem sabe algum dia eu seja coordenador de algo relevante para o mundo que tanto me rechaça? Seria divertido, não por revanchismo, mas por ter a oportundiade de fazer algo que ajude.
Eu gosto muito de ajudar.
E fico tristíssimo quando não posso ou não consigo ajudar, seja quem for.
PS - e continuo me melhorando para se um dia eu seja escalado para alguma função de liderança, ser um bom comandante. Nos três meses tétricos que passei no IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária), trabalhando na Assessoria de Comunicação Social, que é pior do que sofrer um acidente de moto por dia, fiz muitos amigos.
No meu último dia até vieram falar comigo, queriam fazer despedida, almoço comigo etc.
Antes de eu avisar que sairia, uma colega disse "você é a pessoa mais animada que existe aqui - você deixa a gente muito animado e entusiasmado nesse trabalho".
Como psicólogo, não existe chance de eu negar que se trata de uma característica fortíssima e raríssima dos líderes - se responsabilizar não apenas pelo resultado, mas pelo bem estar de todos os evolvidos no projeto/trabalho.
Fiquei feliz - sinal de que mesmo sem ter amigos para treinar, somente imaginando situações e me refinando vendo variados vídeos e postagens em redes sociais sobre os mais diferentes assuntos estou progredindo. A ponto de pessoas que têm amigos, são importantes para alguém e tem motivos para sorrir dizerem "quando você chega, todo mundo fica empolgado"; "você nos inspira", disse um outro.
E isso sendo o mesmo rebelde de sempre, descontraído, tentando divertir e empolgar as pessoas.
Vamos ver se algum dia eu serei recrutado para algo que exija essas características. Eu acho que não.
Mas, ao menos para manter os bons sonhos, continuarei treinando. Ao menos uma vez por dia terei a impressão que fiz a diferença na vida de alguém.